BLOG DA MARLENE

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quinta-feira, 15 de maio de 2014

A ÁGUA E AS ROSAS

 
No dia das mães ganhei  rosas de presente, foram presente de uma amiga muito querida, eu as coloquei em uma jarra com bastante água. Hoje ao me aproximar, vi que elas estavam murchas, troquei a água e nada. Fiquei tão triste! Quisera poder revivê-las...Aquela postura reverente, cabeça baixa de quem se põe de joelhos para agradecer, transmitiu-me um sentimento diferente: a humildade  da criação divina; pensei num final feliz para elas. Queimá-las? Acho cruel, então pensei em jogá-las nas águas, seria um lindo final. Só então me lembrei das águas que passam pelo rio, no centro da cidade; Sujeira, detritos e esgotos. Me volto para as palavras bíblicas, que resumem o que é sagrado: "Eu sou a Água Viva". A importância da água é declaradamente notória, pois somos seres formados em essência, pela água. Penso então nos versos da música poética: "Se as rosas falassem", de Cartola. Como jogá-las na podridão se elas levam o perfume que roubaram de mim enquanto aqui estiveram, e eu o delas. Pode parecer banal meu raciocínio, mas,  é só meu, e sentimento não se explica. Jogar nas águas correntes, lembra muito os versos de Cecília Meireles.  Na poesia Canção, ela diz: “E o sorriso que eu te levava, desprendeu-se e caiu de mim: e só talvez ele ainda viva dentro destas águas sem fim”. Nas águas do meu rio, não vive sorriso, só tristeza, mas minhas rosas, não irão  acabar assim, elas precisam de água viva. A morte, que as autoridades decretaram  às fontes de água viva, um dia será cobrada. Vemos todos os anos, nos períodos chuvosos, cidades alagadas. Num tempo remoto, era costume, enrolar os mortos  e jogarem seus corpos nas águas, seguido de grandes rituais. Revendo o passado, tive boas lembranças dos rios, das cidades onde morei. Gostaria tanto de passá-las a meus netos, mas, meus filhos cresceram, vendo a invasão de águas, em nossa casa. Muitas vezes fomos expulsos, pela revolta do rio. Quantas lembranças se foram naquelas águas, barrentas. Mas nosso lado positivo, fala mais alto, nossa essência busca a felicidade, sendo assim, lá do fundo das minhas lembranças, chega o barulho e a deslumbrante visão das Catataratas do Iguaçu. Ali vemos o poder divino, o qual cita Jó-14, “Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e no chão morrer o seu tronco ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como a planta nova". Ziraldo conta no livro “O menino e seu amigo”,  a história do seu avô. Ele diz: "O homem segurava a mão do menino para juntos, irem ao rio ver o tempo e o rio passar". Belas lembranças de um passado onde se podia curtir esta alegria. Como não posso mudar a minha realidade, decidi guardar minhas rosas, até secarem, depois as jogarei debaixo de uma roseira; Elas estarão em família. Eu esperarei outras rosas, até que chegue um tempo feliz, onde as águas irão levá-las ao infinito. Será um tempo novo, em que chegando à beira do rio, veremos nossa imagem lá dentro.Do fundo da alma uma declaração: "Água bendita água!"...


Marlene Campos Vieira