BLOG DA MARLENE

Aqui quero fazer um espaço de boa comunicação com meus amigos leitores. Seja bem vindo!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

BRINCANDO COM AS PALAVRAS

Em plena noite, se abre o sol de um novo dia, brincando com as palavras nas asas da poesia...
No dia 20 de dezembro aconteceu o oitavo Recital de Poesias da Escola Particular Pequeno Polegar. No dia seguinte, olhando a lua pela manhã, voltei no tempo e senti a música de Raul Seixas:" O dia em que a terra parou". Não foi apenas a lua, mas o mundo realmente parou para viajar na emoção. Foi o nosso mundo, o mundo dos convidados para o espetáculo, que foi proporcionado pelo segundo ano das professoras: Denise Ali Adri e Juliana Pena Sander.
Fui agraciada com um convite especial, na companhia do meu neto Luiz Fellipe Pereira Vieira, também aluno da Grande Polegar. O ambiente estava decorado com bom gosto e perfeição, em tudo denotando um trabalho de toda equipe. A abertura do evento se iniciou com as palavras do diretor da escola; Digníssimo Sr. José Flausino de Almeida Filho, que continham os mesmos sentimentos da Digníssima diretora Maria das graças Trivellato S. Flausino, palavras de grande emoção e sabedoria que sensibilizou a todos. Ao toque do Hino Nacional, reverenciando a sublimidade do momento, as cortinas se abrem, no comando, os mestres de cerimonia: Ana Luíza Gonçalves Borges e Henrique Mendes Pinto, alunos do segundo ano. Tão pequenos e tão grandes como o Pequeno Polegar, trajavam roupas de gala e pose de excelência. Anunciaram a primeira apresentação, a poesia "Convite" de José Paulo Paes, declamada pela aluna Maria Luíza Limas Araújo. Com muita graça ela nos diz que poesia é brincar com palavras como se brinca com brinquedos, melhor ainda brinquedos se gastam, palavras se renovam e termina com o convite: Vamos brincar de Poesia? Tudo foi tão bem programado, as poesias se sucederam com temas importantes, abordando: alegria, amor, gratidão, brincadeiras e a natureza. Autores como Cecília Meireles, Pedro Bandeira, Zalina Rolim, Duda Machado e muitos outros, proporcionaram uma bela brincadeira. Intercalando os versos, a música se fez presente nos leves passos de balé das pequenas e voadoras bailarinas. Tão belo e emocionante que podia-se ouvir as batidas de todos os corações. Tudo foi tão perfeito que até um brinde, marcador de livro, trazia a magia do momento, com as palavra de Clarisse Lispector: " Poesia é quando uma emoção encontra seu pensamento e o pensamento encontra palavras". Um som se ouve e nós nos juntamos a ele, sentindo no peito as palavras: "Amigos, no mundo é tão bom ter amigos, amigos........amigos irmãos, amigo".  Era a turma toda no palco cantando, dançando e se emocionando. Pela manhã do dia seguinte em que a lua parou, notei que lhe faltava um pedaço, deduzi que eles foram, ora espalhados pelas lágrimas de emoção, ora espalhados pelos longos assobios da professora Denise. Um brinde gostoso esperava os convidados na saída, foi tudo tão bom e ainda teve bombom... "A felicidade aparece, para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam em nossa vida", Clarisse Lispector. Reconheço e agradeço, a importância de vocês queridos amigos em minha vida, e na vida da minha família. Reconheço a superior qualidade da E.P. Pequeno Polegar e agradeço a Deus pela sua existência, esteja onde estiver, ela será sempre a Gigante Pequeno Polegar. Parabéns, em especial ao segundo ano; Tia Denise e Tia Juliana, professoras encantadas.
Estaremos firmes esperando o recital de 2014: AGUENTA CORAÇÃO!....

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O MOMENTO

Essa noite me percebi em lágrimas, quando vi o quanto a superficialidade, e os prazeres da vaidade tem atingido a humanidade. Assumo, que não abro mão de minhas convicções e nem da simplicidade aprendida com minha mãe, que graças a Deus me mostrou realidades e não ilusões.
Me dói, perceber a frieza de um mundo de ilusão, que encanta a tantos olhares imaturos, que acreditam estar governando destinos,
enquanto não percebem a extrema ignorância que paira em seu íntimo. E me digam, qual carro do ano, qual cargo de poder, substitui o sorriso de um filho? Desde quando dinheiro compra amor sincero? E respeito, se encontra em prazeres interesseiros?  Eu choro de dor em ver... E ajoelho de fé ao perceber que... Ó ilusão, você não me encanta... És bela, mas sei que dentro dela, existe um vazio e uma falta de PAZ.
Sei andar de salto, melhor ainda de havaianas... Sei o que é requinte, sei melhor ainda o que é simplicidade. Sei o que é amigo... amigo de verdade! Que te conhece, te abraça...
Seja você quem é!
E quanto ao que está na moda, todo mundo usa, todo mundo fala e todo mundo tá achando!
Quem tem personalidade própria não imita! É espelho!!
 
Kívia Brandão

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

OS ESCOLHIDOS


Somos os escolhidos, muitos tentaram chegar, muitos tentaram permanecer, nós conseguimos chegar e ficar. Com nossa bagagem interior, frutos da genética de uma imensa árvore genealógica, fomos crescendo, desconhecidos de nós mesmos; "Os escolhidos". 
De todas as fazes vividas, a mais marcante é a juventude.  Como diz, Vinicius de Morais: "Que seja eterna enquanto dure". Nela conhecemos os embates, o destemor , a ousadia, junto com eles o amor. Nossa vida será eternamente marcada pelas estradas trilhadas  na juventude, assim vamos fazendo nossa bagagem. Marcas intensas no fundo alma, amores e paixões, quedas e feridas, sorrisos abertos de felicidade, temas que fazem parte de um histórico de vida, num período de maior ousadia da  nossa existência. Desconhecemos o medo, em busca de atingir nossos ideais. Assim hoje, podemos usufruir dos grandes confortos que as descobertas nos proporcionaram: a luz elétrica, as grandes vacinas, os antibióticos, sem contar com as  marcantes obras literárias. Um dia a juventude passa e só então nos ressentimos disso, já não temos a mesma força, nossa imagem  começa a desbotar. O círculo da vida assim se apresenta, porém existe algo invisível aos nossos olhos, que nos enriquece: a sabedoria que acumulamos dentro do nosso "Eu Interior'. Com esse divisor de águas, nossa bagagem sempre terá os troféus da juventude. Quantas vezes encontramos os Oscar Niemayers da vida, carregando uma chama especial no olhar. Toda beleza é a soma da ousadia jovem, e da tolerância adulta com a experiência da idade. Ser jovem é para sempre, mesmo para quem não pôde viver a plenitude da vida. Viva estará para sempre  a Jornada da Juventude, com uma multidão de jovens, que muito nos lembrou, a passagem de Cristo pela terra em suas pregações. Foi de enorme excelência, mostrando que há sementes do bem em germinação.

Fazemos parte dos planos do amor de Deus nessa terra, para isso fomos "Os Escolhidos" eternamente jovens.

Marlene Campos Vieira

terça-feira, 1 de outubro de 2013

PEQUENO MUNDO

Depois de grandes, olhamos o passado e só aí podemos analisar quem fomos, o que era o nosso mundo, quais eram os nossos temores e valores. Foi assim comigo, tinha admiração  pelas obras pequenas da natureza, vigiava as minúsculas formiguinhas, admirava  a habilidade do criador.  Nem os dinossauros , nem as baleias, nem as flores gigantes me chamavam atenção. Nos jardins, parava perto dos "Pingos dágua" ; minúsculas flores, imaginando que deveria ser fácil fazer grandes coisas, mas infinitamente difícil fazer miniaturas. Sempre procurava onde ficavam os olhos das formiguinhas, que sabiam se infiltrar em todas as partes. Nossa imaginação perante o desconhecido é fértil enquanto crescemos, às vezes como Toquinho diz na música Aquarela: "Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel, num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu". Imaginação e realidade se misturavam, eu coloria meu mundo, gostava de cores, olhava os vários tons das mesmas cores para conhecer o infinito. A morte significava o vazio de cores, por isso aprendi a desenhar e dar vida aos desenhos. Pode ser que eu tenha aprontado  muito quando criança mas, passei apertos que jamais esqueci. Aprendi a respeitar a natureza,  jamais tirar a vida de nenhum animal, por isso me acontecia grandes imprevistos. Lembro de uma tarde em que sozinha na despensa,  ouvi um barulho dentro de um balde, olhei depressa; era um ratinho, queria gritar  e ao mesmo tempo, queria segurá-lo. Cobri o balde com meu vestidinho para gritar a mamãe, ele subiu pelas minhas pernas  e saiu pelas costas, eu gritava e rolava no chão, até o povo da casa me socorrer. Tomei um medão de ratos e sempre sentia suas unhas pelo meu corpo. Um dia, morando na beira de um rio, acompanhava minha mãe enquanto ela lavava roupas. Com uma bacia no colo cheia de minúsculos peixes, distraída brincava sentada numa pedra à beira dágua, senti um peso diferente no meu colo, foi quando me deparei com uma imensa cobra dágua que se enrolara na bacia para comer os peixes. Cara a cara com ela, soltei a bacia e saí gritando, até a cobra teve medo. Não importa a idade, a criança precisa achar seu espaço dentro de nós, pois delas não só é o reino dos céus mas, também o reino da terra, com elas aprendemos a leveza do ser, viver e deixar viver, amar sem medidas, esquecer e perdoar.
Está aí o dia das crianças, por mais idade que tenhamos haverá  um futuro colorido e se o colorirmos sempre, nunca descolorirá. Só com um simples compasso num círculo, a criança faz o mundo e gaivotas a voar no céu, que tal fazer real o mundo de papel?

Marlene Campos Vieira

terça-feira, 17 de setembro de 2013

AMANHECER


Todos os dias abro as portas do meu coração. De braços abertos vigio o Horizonte. Uma clara estrela se vai e anuncia o amanhecer. Olho para o céu e me vejo só, na imensidão do universo, pronta para acolher o sol que nasce, medito: Como posso me apegar a algo de tamanho desapego. Ele chega, traz o brilho intenso de todos os dias e é diferente a cada dia. Por mais que o ontem tenha deixado alguma nostalgia, o HOJE sorri e me arrasta para a alegria e cura meu coração partido. Ainda que eu vivesse cem anos de solidão, um único raio de Sol me despertaria para a vida. Imune a qualquer dor, ele grita: Esperança, dom de Deus! Lembrando que mesmo parecendo frágeis, somos parte de algo Poderoso. Foi essa esperança que fez brotar pequenas raízes que vejo crescer. A dor é, foi, mas deixou os frutos da esperança se estenderem em busca da Luz Maior. Quando o céu se anuveou, os trovões bombardearam, os raios estremeceram o meu interior. As gotas torrenciais de lágrimas lavaram minha alma. Olhando o esplendor do Sol, de novo revestido, vejo um RENASCER, um passado para contar, apenas os momentos bem vividos. Acredito, sei, há um caminho de Luz Clara a cada novo dia! 
Abro meus braços e abraço, o meu sempre presente NOVO AMANHECER!.

Marlene Campos Vieira

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

TUDO QUE VIVEMOS

Buscando no fundo das minhas lembranças ainda sinto o vento suave balançando os ramos daquela árvore. Ela estava plantada bem na entrada do jardim, era um espaço florido, bem amplo, até a entrada da nossa casa. Era uma Acácia, árvore que estendia seus galhos como um grande anjo resguardando o nosso lar. Ela se postava à frente de um imenso jardim com canteiros bem cuidados. Peneirando minhas memórias, há sim, momentos de boas recordações ali vividas. sorrisos das crianças, as correrias pelos quintais, o barracão inacabado e o hotel ‘assombrado’. As bolas que tudo quebravam, a radiola e seus discos de vinil, de Gigliola Cinquetti a Nat King Cole. De madrugada o som da rádio Nacional e toda a sua musicalidade. O cheirinho dos almoços dominicais, a sacola de pão dependurada atrás da porta; tudo isso denunciava: família, família, família...Sempre alternados aos cheiros e sons, sobressaia os latidos dos cachorros. Tantos e tantos que conosco viveram, cada um com sua história e seu amor construído no coração de cada um de nós. Pense num lindo cachorro de raça, branco, com pintas pretas, altivo, elegante e nobre com um nome plebeu de lalau cara de pau.. A Vida era assim, sem nobreza falsa, e sim a verdadeira nobreza vivida. O cachorro nobre chegou, roubou um sanduíche e ganhou um nome ladino que pregou e não saiu mais. Agora, abrindo o baú de recordações, lá estão as provas de tudo o que vivemos. Foto das crianças com o pai, na varanda, outras dos meninos no jardim, outras, e outras e outras até a calçada da Acácia. Roberto Carlos, adivinhando o que vivemos disse: “ Eu já não posso mais, olhar nosso jardim, lá não existem flores, tudo morreu pra mim...”. Lá não existe mais nem a Acácia, nem o Jardim, nem nós. Não! Tudo isso existe sim, de alguma forma, nada morreu! Mas perdemos concretamente nossa casa, a vida se transforma, segue em frente,  mas a preservamos eternamente em nossa memória. O Importante é a lógica poética que prevalece nos jardins, vida que se ocupa de ser só o que é. Não há conflito nas bromélias, não há angústia nas rosas, nem ansiedade nos jasmins. Se despedir do viço quando é chegada a hora torna-se “coisas da vida”. Tudo concorre para a realização do instante. De forma original, imortal. Assim mantivemos eternos nossos arquivos de recordação e os repassamos em câmera lenta, quando bate a saudade. Surgindo devagarinho o cheiro da frondosa Acácia, com as suas lindas flores amarelas, simplesmente voltamos ao tempo e revivemos tudo de novo.

Marlene Campos Vieira em 22 de agosto de 2013.

(Homenagem a Olinto Campos Vieira)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

HOMENAGEM AO DIA DA VOVÓ


"Eu me lembro, eu me lembro, era pequeno ...." 
Esse é o início de um poema de Cassimiro de Abreu. Eu também me lembro, era pequena e minha mãe penteava meus cabelos, e me aprontava para ir a missa aos domingos. Ela não me acompanhava, mas fazia questão de me encaminhar, não só para as missas mas também para catequese. Fui batizada e recebi todos os sacramentos, assim aconteceu com todos da família. Nunca me lembro de ter visto minha mãe, junto comigo nas celebrações enquanto criança. Fui crescendo e crescendo na fé, estudei num colégio de freiras e me tornei catequista. Sentia-me atraída para a vida religiosa, o tempo passou e os planos de Deus foram outros.   Hoje como avó, me lembro da mãe que fui, não fiz um curso para saber ser a melhor mãe, fiz o impossível para dar uma boa formação aos meus cinco filhos. Todos foram batizados e receberam os sacramentos, aos domingos de mãos dadas íamos a missa, foram devidamente preparados na catequese.Todas as noites ia na cama de cada um fazer orações. Nesse momento da vida, minha mãe já frequentava a igreja, tinha aprendido comigo. Hoje sinto uma enorme emoção, vendo os jovens em jornada encontrando o nosso Papa. Cada rosto que olho vejo minha neta ali, rostinho de anjo, olhos brilhantes em busca da benção do nosso Papa. 
Esta foi uma semana emocionante, e as lágrimas teimam em cair dos olhos da vovó, vendo um quadro tão simbólico; a visita do Papa Francisco. Uma imagem que até sem palavras move corações. Olhando a multidão de jovens, descubro que a sementinha brotou e deu frutos, muitas mães como eu, também plantaram a boa semente. Quantos jovens ali estão comprovando isso. Quanta alegria e verdade nessa linda jornada, nem tudo está perdido, há uma grande esperança de um mundo mais solidário e compartilhado.  Nós as famílias, os missionários, os casais que se dedicam às pastorais nas igrejas, vemos com olhar maravilhado uma declaração solene de fé do nosso povo. A Igreja representada pelo Papa Francisco, cujo nome vem nos trazer o maior exemplo de humildade e amor ao próximo; São Francisco de Assis, deixa-nos a alegria de um presente valioso e de um futuro iluminado. 
Está ai o meu melhor presente do dia da vovó, a declaração de fé dos nossos jovens, filhos dos filhos que que um dia encaminhamos para Cristo.

Marlene Campos Vieira

terça-feira, 11 de junho de 2013

TROCANDO EXPERIÊNCIAS


          Depois de uma vida pelos caminhos da educação, vivenciei muitas mudanças. Todos querem progredir, com esse conceito, muitas foram as decisões intempestivas na vida educacional. Hoje, fala-se em “ projetos”; elaboram projetos e os desenvolvem na área educacional. Nas várias atividades da vida é necessário projetar. Para a construção de uma casa, o engenheiro projeta sobre um terreno vazio, na educação isso não funciona, pois o objetivo dos estudos deve ser descobrir o talento peculiar da criança, e desenvolvê-lo ao máximo. 
       A escola faz seus projetos, sem examinar a meta essencial: "Os alunos", com isso ignoram que todos já possuem o talento dentro de si,  como o diamante bruto que não foi lapidado. A aflição da criança se torna evidente em meio a uma tonelada de projetos, lançados sobre eles, mais uma tonelada de tarefas e pesquisas, muitas vezes, recaindo sobre os pais. Como manter vivo o interesse da criança com tanta imposição?
        Dessa forma  os pais veem claramente a indisposição dos filhos. Eles testemunham a poda  do broto que estava para se desenvolver, com a ideia errada de que a educação consiste em apenas acrescentar elementos de fora. Quando a escola se conscientizar de que as potencialidades já existem dentro da criança desde o início, poderá refletir com calma a respeito do melhor método para estimular  a sua manifestação. 
      A Escola repleta de crianças, é exatamente o ambiente propício da alegria, sorrisos e festa. Como explicar a repulsa de tantas crianças, às cobranças de tantos professores?           Basta mudar o foco e fazer da criança o centro das atenções e ela pensará que estudar é muito divertido. 
    O Ideal é que se façam projetos individualizados, pensando naqueles que ali estão deixando de impor modelos preestabelecidos. Dentro de cada ser humano existe o infinito, essa é a fonte de onde jorra toda luz. 
     Louvado seja o professor que considera tantas verdades e sabe levar aos alunos a alegria de estudar.

Marlene Vieira

quarta-feira, 5 de junho de 2013

CÉU, TERRA E MAR

Lá se vai uma vovó e seus dois netinhos numa viagem de passeio. Seiscentos quilômetros os aguardam até chegar ao destino. Samuel tem dez anos, Heitor oito. Vão comemorar o aniversário do tio e da prima que tanto amam. Bem cedo lá se vai o carro estrada afora. Olhando o céu, vovó vê uma nuvem gota que logo se transforma em chuva fina. O carro corre e foge dela. O céu clareia, o sol se põe. Heitor olha e grita: vejam! A nuvem chuva virou um peixe espada! Samuel observa e acrescenta: olha! Ela rodou, rodou e virou um golfinho! Vovó descobre em pouco tempo uma baleia de nuvens. O céu está simplesmente um mar com tanto barquinho a navegar. Vovó pensa: estamos lá ou cá? Assim a viagem continua. Ninguém vê o tempo passar. Os peixes se renovam e a nuvem chuva aparece escura lá no cantinho, crescendo devagar. Heitor vê umas gotinhas e diz que é a mulher invisível regando as plantas. Então param pra almoçar, cochilam e acordam de volta a terra. Observam carros e mais carros que circulam. Vovó propõe uma aposta de cores de carros. Samuel dá a partida com a cor prata, Heitor aposta no preto, vovó escolhe o azul. A torcida é grande. Samuel dispara e ganha de goleada ou carreada. Assim, de volta ao céu, Samuel aponta algo. Ninguém entende. Todos olham. Ele aponta de novo e grita: um arco íris!...Que lindo milagre! Um pequeno e colorido arco íris de frente pra nós! A nuvem chuva virara um presente colorido pra fazer a festa daquela galera. Assim eles percorreram o céu, o mar e já estavam em terra firme. Foi um passeio inesquecível, brincando com as nuvens. Chegamos ao destino, preparados para a verdadeira festa pelas surpresas do céu, terra e mar. A natureza é a majestade infinita que desperta o coração sensível para o invisível das multidões.
Marlene Vieira

quinta-feira, 9 de maio de 2013

UMA MAMÃE MUITO MOLECA


No domingo eu aguardava o início das celebrações religiosas, enquanto isso um técnico testava o som. Ele repetia: som, a, a, a ....mexia dava uma volta e repetia o mesmo refrão. Isso aconteceu várias vezes até que sem programar, cutuquei uma pessoa sentada ao meu lado e disse baixinho: quando será que ele aprenderá o alfabeto? Ela olhou pra mim e sorriu. 
Neste momento  me vem à lembrança, minha mãe, uma pessoa criativa e bem humorada. Ela deixou uma herança genética inesgotável,  filhos netos e bisnetos, todos receberam uma dosagem. Além disso, era um gênio, fabulosa, fazia pratos deliciosos, sem deixar rastros, tudo limpo em pouco tempo.
As suas visitas eram uma festa, pois   ajudava cada filho  na criação dos netos, eram tantas as brincadeiras, que todos viravam moleques. Festa mesmo, eram as viagens que ela fazia conosco, amante das flores, era preciso parar o carro para pegar mudas das flores que ela via ao lado das estradas, além disso via pássaros exóticos, que apontava com gritos. Sua planta favorita, na época era o Lampião,  conhecidos hoje como hibiscos, os tinha de todas as cores e formatos. Muitas vezes era flagrada nos jardins pegando mudas e sempre dizia: "muda roubada é que pega". 

Ela adorava uma pegadinha, às vezes chegava de viagem, rodeava a casa e ficava no quintal, era descoberta  com uma festa total. Lembro-me de quando ela me acompanhava  ao hospital para dar a luz a meus filhos. A cada contração eu gemia e ela ria , ria  sem controle, eu ficava nervosa mas ela dizia que não aguentava segurar. 
Ela teve seis filhos e inventou  todos os nomes com a mesma letra, começando com "ma" de mar, que ela amava tanto. Um dia, ficou revoltada por chegar na escola e encontrar seu filho com o apelido de prateleira, logo ele, cujo nome fora inventado no capricho: Mardileno. 
Ela era  de fazer sorrir e amar, só sabíamos de suas dores pelos longos gemidos que soltava involuntariamente. Viveu , viajou e conheceu o mar que tanto amava, deixou lembranças por onde passou e como homenagem um bisneta com seu nome: "NAIR". 
Com certeza ela foi mais que o "Descobridor dos sete mares" de Tim Maia. 
Ela desbravou muitas milhas, ignorou as fraquezas humanas para manter a paz familiar, teve seus netos adolescentes como cuidadores nos momentos difíceis, e ainda assim, tudo era motivo de molecagem. 
Sempre que encontro a sua planta favorita, passo as mãos dentro dela e envio um sorriso para ela, digo algo bem baixinho: Te Amo , Saudades.
São tantos casos, tantas emoções....
Ela está lá fazendo cosquinhas nos anjos, mamãe, mamãe......

terça-feira, 7 de maio de 2013

O FAROL


Os anos passam, as datas se repetem e nos acostumamos a elas. Pela passagem da Páscoa, meus olhos simplesmente viam sem ver; ovos de páscoa por todos os lados, ofertas e mais ofertas nas bombonieres.
Dentro de mim um sentimento de vazio, uma falta total de interesse, aquela data com tanto simbolismo, perdera o sentido para mim.
Com tantas queimadas, fiquei me perguntando: será que o fogo já queimou algo mais em minha alma? Quantas  tentativas para não perder a alegria de viver, quanta luta pra preservar o verde da esperança, quanto assombro diante das chamas que queimam nossos mais belos sonhos.
Agora eu ali, em plena cerimônia pascal, sentindo um amargo vazio, cercada por uma multidão a espera das comemorações. Hora marcada, todos se levantam e voltam seus olhares para a entrada do recinto. Vejo entrando devagar vários jovens, eles vem trazendo algo, observo melhor  e me sinto sozinha  ali. Com um sorriso inocente, olhos iluminados, eles cantam e carregam uma imensa cruz. Quando vejo aquela cruz vazia, me acontece um despertar. Sinto uma emoção inexplicável, as lágrimas descem em cataratas, a Páscoa acontece dentro de mim. Não há como explicar tamanha emoção, todo meu ser foge ao meu comando,  vejo claramente; meu coração não é meu
Desde aquele momento, tudo passou a ter sentido naquela cerimônia, aqueles olhares e sorrisos dos jovens, uma inocência viva, um cantar angelical. Minha  alma se contaminou, comecei a sentir meu eu de volta, cantei
 com a alegria da Páscoa a verdade que acontecia ali: "Dentro de mim existe um farol que me ensina por onde eu  devo andar" .
Ao final daquele dia pude ver como o milagre da vida independe de nós, somos mais que vencedores, temos a luz que não se apaga.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Florescer



  • FW: Florescer‏












  • Ao abrir os olhos para o mundo, o primeiro ato do recém- nascido são as lágrimas. Só o amor e o aconchego podem proporcionar-lhe a segurança para se adaptar ao mundo novo.
    Assim, o ser humano aprende a sorrir, esquecendo-se as lágrimas do primeiro momento.
    Tudo novo é uma assustadora aventura; viver é uma aventura, pois a cada passo o mundo já não é o mesmo, nem nós somos os mesmos.
    Florescer é preciso, levar o perfume da alegria por onde passar, contagiar o ambiente à nossa volta. Isso é a juventude do ser humano, olhos iluminados pelas descobertas, coragem  de avançar.
    A juventude está dentro do ser humano,  já dizia o cantor Jessé:" Seja qual for a idade, o tempo passa e nós acumulamos  juventude."
    Juventude, palavra chave da Campanha da Fraternidade, desse ano, celebrada com um lindo hino que diz: Sei que perguntas juventude, de onde veio, teu  belo jeito sempre novo e verdadeiro. Eu fiz brotar em ti desde o materno seio, essa vontade de mudar o mundo inteiro. A cada passo esperando que o mundo se renove, como canta o Padre Fábio de Melo:  "E dar as mãos e dar de si além do próprio gesto, e descobrir que o amor esconde outro universo."
    Unidos a esse ideal, vamos levantar bandeiras, sabendo que todos somos enviados e mensageiros para ajudar a construir um mundo novo.


    Marlene Campos

    sexta-feira, 1 de março de 2013

    SENTIMENTOS EM PALAVRAS

    (Homenagem à minha irmã Margareth, que está de mudança para o Maranhão).

    Primeiro dia do mês, marcado com tomada de decisões importantes. Começa a contagem regressiva para que as decisões se tornem efetivamente reais. 
    No âmbito pessoal, nós também estamos vivendo períodos de decisões e mudanças marcantes. Chegou a hora de mudar  literalmente.   Sendo assim, estamos sentindo aquela pontado no coração, pela amiga irmã que está mudando de rotas.

    Quero dizer de alguém de quem ouvimos o primeiro choro, o primeiro sorriso e ainda cuidamos nos primeiros passos. De alguém que nos ama e chora por nós, é mais que irmã, é mais que amiga é um bem precioso. 
    Lá vai ela, pelos rincões do mundo, não como os primeiros descobridores, mar afora, vai em vôos  plainando a imensidão. Ela sabe a realidade que a espera, mas sua escolha é acertada, prova de maturidade sentimental. Talvez nos envie uma carta como a de Pero Vaz de Caminha, escrivão da corte: "A terra é boa, em se plantando tudo dá".
    Certamente existe algo a sua espera, talvez uma sementinha transportada no coração para ser semeada e colhida. Estaremos saudosos, sem saber se ainda nos veremos, pois tempo é tempo. Todos os dias poderemos fazer um contrato de um abraço simbólico, cheio de amor fraterno. Felizmente não estarei presente na partida, assim ela não perderá o voo para navegar no mar das minhas lágrimas. Nossa amizade será alimentada como as plantas do jardim; mantendo a terra fofa da bondade, do sol do afeto, da chuva da generosidade.
    Que você continue sendo luz, raio estrela e luar e muita chuva pra molhar o sertão.
    Se vire, queremos ver você no Jornal Nacional.
    Vá com Deus!....

    terça-feira, 22 de janeiro de 2013

    UM FATO...UMA HISTÓRIA


    A liturgia da palavra.

    Todos os anos os fatos marcantes da nossa liturgia se apresentam. Ouvimos, ouvimos ...Estamos ali, assistindo às interpretações de cada celebrante, muitas vezes discordamos.
    No Evangelho das Bodas de Caná, quase sempre escuto muito e concordo pouco, às vezes a simplicidade perde lugar, ficamos intrigados com o primeiro milagre e o seu real por quê. Só uma vez encontrei a resposta a essa pergunta, aí sim a simplicidade foi expressiva: Uma festa, uma mãe aflita com o vexame dos amigos, a solidariedade, o acolhimento. Mais que isso, a prova viva do toque humano, pra que o milagre aconteça. Veja por esse ângulo: Jesus e Maria são convidados para uma festa de casamento, a bebida da época era o vinho. Eles, amigos da família, observam o constrangimento dos amigos ao faltar a bebida. Ela vem em socorro e busca o poder do filho,  ele não resiste e cede. Veja bem: pede que encham as talhas de água, manda que provem da água, e manda que seja transportada até as mesas. Lá chegando, um visitante é servido e elogia a qualidade do vinho. Assim tudo faz sentido, "O milagre só acontece, com o toque humano" A água só se transformou ao ser transportada pelo homem. È uma clara demonstração da força do querer que traz poder, Deus faz mas tendo o homem como parceiro. De nada adianta, acorrentar as pessoas pra que deixem as drogas, o milagre não acontece sem a sua adesão. Deus mostra isso nesse episódio, a luta continua até que o ser humano veja que Deus não o força a nada, ele é dono do seu destino. Basta um sinal e o milagre acontece. 
    Todos queremos, mas nada podemos se os maiores atores, não conseguem transportar suas cargas até o encontro da cura. 
    Esse é o primeiro milagre, achar o caminho de volta.




    Marlene Campos Vieira