BLOG DA MARLENE

Aqui quero fazer um espaço de boa comunicação com meus amigos leitores. Seja bem vindo!

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O INICIO E O FIM ( Homenagem a Jordan )


Os retoques finais em toda construção são momentos desgastantes, pequenos detalhes para se chegar  à conclusão. O início é o fundamento, a idealização de um projeto, cheio de expectativas.
Assim nos encontramos com um pé no final da ponte, prontos para atravessá-la. Quem disse que conseguimos concluir nossa meta, quem pensa que é simples assim. Roberto Carlos, aconselha em sua música que:"É preciso saber viver", e mais, dá as dicas: " Toda pedra do caminho você pode retirar, numa flor que tem espinho você pode se arranhar"
Cara, se fosse simples assim!.. Na verdade há pedras que não aguentamos retirar e aqui na ponta final da ponte  já estamos bem arranhados. Espinhos, como correr deles?Não nascemos sabendo viver, aprendemos vivendo.
Olhando o horizonte descobrimos que há sempre um novo dia em cada ser. Essa esperança nos move a seguir em frente sem olhar pra trás, mesmo porque, corremos o risco de nos transformar em estátuas de sal, como  na narrativa bíblica.
Certo é atravessar a ponte que nos conduz a um novo ano,  esperando que passe um anjo e abra suas asas sobre nós. Vamos começar de novo, como pequenos bebês, caindo aqui ou ali, mas aprendendo a andar. Olhando o universo como se fosse a primeira vez, deixando o riso fluir, a lágrima rolar, porque é Ano Novo, é tempo de festejar. Não importa o minuto seguinte,  viver o treze, sonhar com a sorte. Afinal fomos sorteados pra chegar lá.
Vamos, está chegando a hora, a contagem regressiva já se anuncia, a corrida vai começar...
Feliz Ano Novo, Adeus Ano velho!....
 
Marlene Campos Vieira   

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O MEU "SEGREDO"


Amigos é com grande emoção, e alegria extremada, que compartilho com vocês mais um depoimento desta minha "grande" amiga, e conhecida de todos vocês pelas postagens anteriores. O texto abaixo reafirma, a importância dos nossos pensamentos e palavras sobre a nossa saúde física. E mais ainda, nos impulsiona a aumentar a fé no nosso criador, porque sem Ele todo nosso esforço seria inútil.
Parabéns Dalva, por esta vitória que se traduz para você em VIDA.

Marlene Campos Vieira
O meu “Segredo”

Nunca me interessei muito por livros de autoajuda. Aliás, nunca consegui ler mais de duas páginas deles. Por isso, quando uma amiga querida – D. Marlene – emprestou-me o livro “O Segredo” não me animei muito e só comecei a lê-lo para não decepcioná-la. Foi com ceticismo que li aquelas histórias de pessoas que tinham conseguido vencer grandes dificuldades por meio do pensamento positivo.
 Entretanto, toda e qualquer experiência nos afeta de alguma forma e a leitura daquele livro, de algum modo, acendeu algo em mim. Comecei a pensar, que não me custava nada colocar em prática algumas das ideias defendidas naquela obra, e principiei por abolir o NÃO dos planos que fazia para a minha vida. Assim, em vez de dizer: “Eu não vou fazer hemodiálise por muito tempo”, comecei a falar: “Até o fim do ano de dois mil e doze, estarei curada”.
Confesso que, na maioria das vezes, dizia isso sem muita crença e, no fundo, convivia com a angústia de ter que passar o resto da minha vida me submetendo ao tratamento hemodialítico, mas continuei a repetir frases positivas a respeito da minha vida. Na verdade, penso que, ao repeti-las, tentava convencer mais a mim mesma, do a qualquer outra pessoa de que tudo iria dar certo.
Além disso, coloquei a minha vida nas mãos de Deus e disse a ele: “Senhor, faça comigo o que achar que eu mereço”. Não pedi mais nada. Não fiquei todos os dias implorando para que Ele tivesse piedade de mim, tampouco me revoltei achando que não merecia passar por aquilo. Fiz apenas mais um pedido: que me desse forças para aceitar com coragem os obstáculos que, por acaso, eu tivesse que enfrentar.
Não sou uma religiosa fervorosa. Não leio a bíblia e, ultimamente, não tenho frequentado nenhuma igreja. Não acredito no Deus que pune, que castiga, que exige sacrifícios. Acredito em um Deus que é bom, que é amor, que criou todas as coisas belas que existem no mundo. Então, quando contemplo a natureza sinto Sua presença. Também não repito as orações que aprendi no tempo da catequese, porque, quando as analiso, sinto que as minhas ações, na maioria das vezes, não condizem com o que estou dizendo. Entretanto, creio em outras formas de oração. Penso que não há nenhuma maior e mais eficaz do que fazer o bem ao nosso semelhante. Ademais, ao ler um texto bonito, ao ouvir uma bela canção, sinto-me mais próxima de Deus do que quando rezo um Pai-Nosso ou uma Ave-Maria.
Ainda não sei qual foi a influência do livro na minha vida, apesar de estar consciente de que ele foi importante. Todavia, não tenho nenhuma dúvida de que o fato de ter confiado em Deus e colocado minha vida em suas mãos, mudou o meu destino. No dia dezesseis de outubro desse ano, uma semana antes de completar trinta e um anos, fui transplantada. A cirurgia foi um sucesso e estou me recuperando bem.
Não tenho nenhuma intenção de criticar a fé de ninguém, nem de dar receitas sobre como se relacionar com Deus. O que quero dizer é que, para mim, não basta apenas rezarmos todos os dias antes de dormir, nem ficar pedindo incessantemente as bênçãos que queremos alcançar. O mais importante é acreditar, confiar que Deus sabe o que é melhor para nós, e que no momento certo ele agirá. Então, basta que peçamos a Ele apenas uma vez e confiemos, embora, às vezes, tudo que conseguimos enxergar do bordado que ele está fazendo das nossas  vidas, seja somente aquela parte  bagunçada no avesso do tecido. Enfim, acredito que:
 "Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito". Romanos 8.28. 

Dalva Ribeiro

sábado, 24 de novembro de 2012

RECITAL DE POESIAS


               

"Grande ou pequeno, todo homem é um poeta, se você sabe ver o ideal, além de seus atos"
Henrik Johan Ibsen.
Com base nesse pensamento, a Escola Particular Pequeno Polegar apresentou na noite do dia, 22 de novembro último,  mais um recital de poesias. Toda a família queria estar presente a esse lindo presente, mas não havia espaço, os alunos puderam então, escolher dois convidados, além dos pais. Fui uma dessas privilegiadas, escolhida pelo meu neto, sinto-me na obrigação de descrever, esse evento inesquecível. Quero mostrar tudo  o que vi, envolvido pela minha profunda emoção. 
Ao chegar, fomos tomados pela poesia da decoração; subindo a escadaria, cada degrau exibia as letras: RECITAL DE POESIAS. De repente o mundo não era o mesmo, um palco decorado de balões cheio de flores ao fundo, dos lados, duas palmeiras de balões, se moviam magicamente. Nesse mundo encantado, somos despertados pela voz do diretor, ele se sente contagiado e agradecido pelo trabalho magnífico dos professores. Sua fala é de extrema sabedoria e fica claro, que esse momento, é uma marca sagrada que jamais será esquecida por todos, mas principalmente pelos protagonistas: Alunos do segundo ano.
Depois de compor a mesa dos diretores, as professoras do segundo ano, Denise Ali Adri e Juliana Pena Sander, são aplaudidas junto aos demais professores. Para começar o recital, duas crianças se fazem mestres de cerimônia e comandam as apresentações.  Devagar, vão chegando belas poesias, nas vozes que fazem delas um sopro dos anjos.  Tudo começa com a poesia "Convite" de José Paulo Paes, e termina com "Eu quero Agradecer" de José A. Santana. São lindas poesias de vários autores: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Jane Taylor, etc. Ao declamar os poemas, os meninos vestiam ternos pretos, e as meninas exibiam graciosidade. Os aplausos eram acompanhados de palavras emocionadas da platéia. Todos fotografavam e filmavam. A surpresa chegou em forma de música, um balé primoroso e uma dança contagiante, prendia a respiração de todos. No momento final,  as cortinas foram fechadas, preparando o último ato. Depois de alguns minutos, abrem-se as cortinas e lá estão todos os alunos vestidos alegremente, meninos dos lados, meninas no meio. Soam vozes e danças, fazem uma bela coreografia, a música nos faz voar sem data de pouso.
Fim.... é um final surpreendente, imaginem o inesperado: com aquelas vozes afinadas, a música "Amigo" de Roberto Carlos, veio arrancar uma lágrima lá do fundo da alma. Como segurar tamanha emoção, em meio a tantas emoções?
Parabéns alunos, diretores e professores, de coração,  agradecemos!
Parabéns escola Pequeno Polegar, pela extrema qualidade e competência!
    " Vocês estão ensinando nossas crianças a enterrar suas raízes no solo dos valores duradouros da vida, para crescer até as estrelas dos seus destinos maiores".
          
          Marlene Campos Vieira

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A FONTE


Voltando ao passado; lá está o super herói He-man, aquele que para enfrentar os perigos conta com uma espada mágica. "Eu tenho a força"! esta é a senha que transformava a realidade do herói.
Nós estamos em perigo constante, num mundo que busca transformações, nem podemos contar com espadas e super-heróis. Há porém meios de nos sentirmos seguros, pois também nós temos "A Força".  Nossa força se revela a todo momento quando realmente a colocamos em prática. Há uma norma antiga que diz: querer é poder, então se queremos podemos.
Foi assim que os grandes inventores puderam nos trazer o que criaram em suas mentes. Assim também muitos como Hitler usaram a força da mente para o horror. 
Tendo a força em nosso interior e a procuramos no mundo, perdemos o mapa do tesouro. Todos os grandes sábios buscaram ensinamentos no mais profundo da alma. Nossa força está numa conta milionária dentro de nós.
Muitos fazem poupança e nunca gastam essa fortuna, que utilidade terá esse tesouro guardado. A mudança do mundo começa em nós, a paz que almejamos começa com a luz que vem do nosso interior.
Um quadro de um pintor famoso, mostrava um mundo conturbado, em meio a toda confusão um pássaro calmamente cuidava dos seus filhotes no seu ninho. Essa é a lição da sabedoria, buscar a paz que existe em nós e iluminar a escuridão. A vida começa todos os dias, com nossa força interior tudo podemos, importante é gastar nossa fortuna com sabedoria.
Muitos como São Francisco de Assis,  mudaram o rumo de suas vidas agindo inexplicavelmente, desprezaram os valores do mundo, quando descobriram os valores eternos. Eles fizeram histórias e viveram a verdadeira alegria. Hoje existem os São Franciscos modernos, substituem pássaros por seres humanos e ocupam-se de através das palavras, mudar o rumo de muitas vidas.
Elas estão logo ali digitando mensagens via internet, conectando-se com as forças dos irmãos para formar uma corrente de forças.
Qual o sentido de uma vida que apenas segue padrões, sem deixar uma marca sequer? Seremos apenas mais um a executar funções?
Já  dizia a música " Irmão é preciso coragem..."  Coragem para descobrir como Irmã Dulce, que a doçura nem sempre causa diabetes, muitas vezes salva vidas.
Lá na fonte está nosso tesouro, simples assim; há milhões é só acionar a senha  do querer e também nós teremos "A Força".
  
MARLENE CAMPOS VIEIRA

domingo, 7 de outubro de 2012

O TAPETE AMARELO


Chego na janela e vejo o tapete amarelo. Fico ali parada, viajando no tempo, meus olhos fixos no tapete de flores amarelas, que a árvore da casa ao lado floriu e se cobriu, despejando pétalas na frente da minha janela.
Por certo é um lindo presente, uma declaração de amor da natureza cobrindo exatamente o meu lugar, o nosso lugar: o universo.
Estar ali na janela, fazendo minhas viagens interiores, correndo pelos jardins suspensos da Babilônia, deitada no tapete amarelo, é tudo que faço ao acordar.
Muito colorido sem nenhum borrão, arte do artista divino de imensa imaginação. Logo bem cedo, pássaros cantam pulando de galho em galho, celebrando um novo dia. As abelhas trabalham incansáveis , são flores incontáveis para extrair o mel.
Essa é a essência da natureza: fechar os ciclos , encerrar os capítulos, esquecer-se do inverno e viver a ardente primavera. Assim vou cultivando meu interior, namorando o tapete amarelo, agradecendo ao artista maior que com esmero o produziu. Parece tão inacreditável, que o vizinho plantou uma  árvore, e ela fez um tapete para mim. Que majestoso! Todos que passam por ali também podem pensar assim.
Vou viver o amarelo, é a alegria da cor, fotografar em minhas pupilas esse acontecimento inesquecível. Fazer uma gravação no CD da minha memória e passá-lo sempre, ouvindo o cantar alegre dos pássaros na  árvore amarela.
Penso no hoje, no agora, na minha alma colorida de um amarelo vibrante, o amanhã fica a cargo do artista e seu pincel mágico.
Viver é se refazer sem medo de ser feliz, então o inesperado acontece e aparece um tapete amarelo na sua janela. A natureza nos convida a  fechar os ciclos, abrir-se ao novo, voar no tapete amarelo.......


Marlene Campos Veira  

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

CRIANÇA, SEMPRE CRIANÇA.....

Dia da criança; Vamos contar realidade e imaginação?

Realidade: 

Na semana passada, fiz uma viagem de vários dias. Moro no primeiro andar e sempre deixei as janelas dos fundos abertas, elas ocupam toda a extensão das paredes. Quando retornei de viagem, encontrei  rastros estranhos dentro de casa, procurei  explicação com os entendidos no assunto e então descobri, que fui visitada por morcegos. A criança que mora em mim, passou a imaginar fatos bem coerentes com o agora.

Imaginação:

Política, barulho, fogos de arrasar. Os bichos assustados, saem do seu habitat pra investigar: será que o mundo vai acabar? Por isso voam das florestas e procuram onde se abrigar, até investigarem as ocorrências.

Os morcegos chegaram à noite, e acharam minhas janelas abertas, viram uma casa desabitada e nela se hospedaram. Outros animais, também acharam onde ficar, e passaram a cumprir suas missões.   

Que confusão o mundo virou, observaram os morcegos: gente e mais gente, bandeiras e bandeiras, cores e cores e uma papelada espalhada por todo lado.   
Chegou a noite; espantados, os morcegos viram sobre um enorme palanque, um sem números de vampiros. Verdade? Aqueles sugadores, vestidos de homens, querendo ganhar pra sugar, que incrível ! Os homens acham que morcego é que vira vampiro, agora tudo estava ali, só eles não compreendiam. 
Poucos dos que se apresentavam no palanque, seguiam as normas do  Mestre: "Eu vim para que todos tenham vida".

Os morcegos já sabiam de tudo, deixaram seus sinais pela casa, comeram as bananas da fruteira e voaram para a floresta. Dentro deles um arrepio de medo, medo dos vampiros dos palanques, medo de serem exterminados, medo dos homens vampiros. 

Assim a floresta inteira tomou conhecimento do fato, agora é hora do homem escolher, eles desejam sorte para o planeta. Afinal as crianças precisam de um mundo melhor. 

Quem sabe uma fada " Verdade", transforme a " Realidade", assim teremos um  final feliz: 

" Que venha a nós o vosso reino, Senhor"!
    
 Marlene Campos Vieira 

domingo, 9 de setembro de 2012

PÁSSAROS FERIDOS


Nos anos setenta, emprestei um livro para uma amiga especial. 
Uma amiga quase aluna de catecismo, que vi crescer e florescer.
Naquele momento da vida, sem que eu soubesse, este livro foi fundamental. 
Era ela quem vivia um drama, maior que o da ficção daquela história.
"Pássaros feridos"-- Não me lembro o nome do autor, era a narração de corações feridos, por um amor impossível. 
Não imaginei que a realidade estivesse ali, no coração daquela jovem e linda mocinha. Ela tinha um imenso amor impossível para sua época; filha de mãe viúva e extremamente cuidadosa, e jovem religiosa e profundamente estruturada.
Assim, naquele pequeno Paraíso, correram alguns boatos, como em todo lugar. Ninguém sabia porém, que tudo que havia era um amor platônico.
Passados alguns anos, anos felizes da nossa vida, o padre jovem e empreendedor que ali vivia foi embora. Deixou marcas imensas do seu dinamismo naquela cidade, e na vida das pessoas. 
O tempo passou, a rosa desabrochou e se transformou numa linda e forte mulher, muito bem formada, pilar da estruturação educacional da região e  advogada respeitada
Com certeza ninguém viu o mar de águas salgadas das suas lágrimas, ninguém viu a flecha enfiada no coração do pássaro ferido. Ela inconscientemente, praticou a filosofia de Paulo Coelho: "É de batalha que se vive a vida, Tente outra vez".
Assim o tempo passou , ela tentou várias vezes até desistir. 
Agora, seu primeiro amor, livre de todas as amarras e compromissos da vida, também como pássaro ferido, convida-a a atravessar o monte e abraçar aquele grande amor, para juntos voltarem ao passado, no presente.
Hoje, ali sentados olhando o mar, as ondas espumantes quebrando-se ao longe, eles de mãos dadas, vivem de coração novo. No peito, apenas amor, as cicatrizes sumiram como por milagre, são exatamente os mesmos jovens, vivendo o ontem no hoje, com total intensidade e maturidade. 
O amor dura para sempre, Deus mostrou com sabedoria que ele era digno de ser vivido.
Eles estão felizes, muito felizes, muito mais que em todos os contos de fadas. Eu estou tão feliz , que a cada noticia que recebo, pulo de alegria, Este é o maior romance escrito nas páginas reais da vida.
Agradeço a Deus esse final feliz, a alegria de ver e contar essa linda " História de Amor " 
Esse é o meu presente de aniversário para ela,  em sete de Setembro;  "Parabéns, afinal é hora do grito de Independência".
Deus nos criou para a  felicidade, seja feliz e seremos felizes.
Marlene Campos Vieira

domingo, 2 de setembro de 2012

Senhor, segure bem forte a minha mão!


ESTE ESPAÇO AGORA, SERÁ ENRIQUECIDO, COM O RELATO MUITO EMOCIONANTE DA AMIGA "DALVA RIBEIRO", VIDA REAL - LEIAM


No dia vinte e quatro de agosto, fez um ano que iniciei o tratamento hemodialítico. Sinceramente, não esperava me submeter tanto tempo a esse processo. Tinha esperanças, ainda que bem lá no fundo, de que meus rins voltariam a funcionar e eu teria a minha vida de volta.  Voltaria a trabalhar, realizaria tudo aquilo que tinha sonhado para mim, antes de descobrir que estava doente. Sonhei até que comemoraria minha cura, fazendo uma viagem à praia com um grupo de amigos e, estando lá, sentada à beira do mar, tomaria uma cervejinha  com eles e me perderia contemplando aquela imensidão de água, as pessoas ao meu redor, enfim, contemplando a beleza da vida.

Contudo, a cura AINDA não veio e a espera por um transplante continua. Por isso, à primeira vista, parece que não há nada para se comemorar. Parece que, se eu for contabilizar o saldo dos acontecimentos de minha vida nesse um ano, o resultado será muito mais negativo do que positivo. Mas não quero fazer uma análise maniqueísta da minha vida, onde só é possível enxergar ou o lado bom, ou o lado ruim dos fatos. Prefiro analisá-la sob a perspectiva de que é possível ver sempre os dois lados e que, se observarmos bem, mesmo quando tudo parece muito ruim, podem-se encontrar coisas boas.

Durante esse período, enfrentei muitos desafios. O primeiro deles foi usar um cateter por seis meses. Fiquei todo esse tempo sem poder entrar debaixo do chuveiro e deixar a água correr livremente pelo meu corpo, da cabeça aos pés. É engraçado como não damos valor às coisas simples, quando as temos e como elas adquirem um valor enorme quando as perdemos. Meu sonho, nesse período, passou a ser tirar o cateter e poder tomar um banho de verdade. Um dia depois de ele ser sacado, me banhei em um rio.  Ninguém imagina o que senti nesse dia. Ao mergulhar naquelas águas límpidas e cristalinas, um sentimento de liberdade e felicidade me invadiu. Agradeci a Deus por poder estar ali, vivendo aquele momento.

Tive que usar o cateter durante seis meses, porque realizei três cirurgias para confecção de fístula (local onde se puncionam as agulhas para realizar o processo hemodialítico) sem nenhum sucesso. Nesse tempo, convivi com o medo dessas cirurgias nunca darem certo, pois conheci uma pessoa que já estava com o corpo todo marcado, devido às várias tentativas infrutíferas de confecção de fístula. Na quarta, cirurgia, porém, tudo deu certo e eu venci, então, mais uma batalha. Mas logo, veio outra. Tive que enfrentar o medo da agulha, uma vez que, dali em diante, eu teria que conviver com elas três vezes por semana.

Não sei o que sentem as pessoas que leem esse relato. Algumas podem achar que realmente não tenho nada o que comemorar. Outras, podem imaginar que só houve sofrimento na minha vida durante esse um ano e por isso sintam pena de mim. E, talvez, haja algumas que acreditem totalmente ao contrário: que não há motivos para piedade, pois o meu relato não é uma contabilização de perdas, mas de vitórias.

Peço aos que se entristeceram com a primeira parte do meu relato que não se sintam assim. Eu não sou, não estou, nem desejo ficar triste. É claro que eu não gostaria de estar nessa situação. Tenho apenas trinta anos. Há tanta coisa para viver. Tanta coisa que o tratamento me impede de viver AGORA. Mas eu aprendi a ter paciência e acreditar nos planos de Deus para minha vida. Não há dúvida de que vivo um momento difícil, talvez o mais difícil que já vivi até hoje. Entretanto, ele não vai durar para sempre. Nada dura para sempre.

Não entendo porque tudo isso está acontecendo justamente comigo, mas sei que deve haver alguma razão. Por isso, tenho tentado tirar desse momento todas as lições possíveis. Hoje, sou, sem dúvida, uma pessoa mais forte, e ainda que muitos não acreditem, sou mais feliz. E passei a ser mais feliz, quando compreendi que há realidades piores do que a minha e que tenho muito mais a agradecer do que  reclamar.

É evidente que há momentos que desanimo, que tenho medo, mas nesses momentos faço minha oração: “Senhor, sei que não sou digna de pedir nada, mas, por favor, segure bem forte na minha mão, para que eu possa seguir adiante.” Sei que não estou sozinha. Preciso acreditar que Deus não abandona seus filhos e que ele está ao meu lado sempre.
Dalva Ribeiro

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Tempo......tempo...tempo.


No fim da madrugada um tic tac metálico me acorda.
Fico imaginando, será alguém andando de salto alto no andar de cima?
Já desperta descubro que são as gotas de chuva batendo na janela.
Observando o tempo e observando a gente, nesse final de Agosto, chegamos a muitas comparações.
Conforme o conceito de C.G.Jung, " sombra é a soma de todos os âmbitos rejeitados da realidade que o homem não quer ver."
A natureza está trazendo pra nós, uma realidade concreta do nosso ser interior.
À noite junto com as sombras descem as gotas de águas da chuva, como lágrimas escondidas.
De manhã brilha um sol esplendoroso, mostrando todo lado alegre da vida.
Porém vem acontecendo um fato novo, em pleno céu azul, por trás dos edifícios, começam a se formar nuvens brancas de algodão. Em poucos minutos dentro delas, chegam as sombras.
Nuvens escuras, sem pedir licença, rapidamente despejam enormes gotas de chuva sobre a terra.
Esse fato tem ocorrido várias vezes ao dia, pegando os desprevenidos de surpresa.
Afinal quem poderia esperar que em pleno sol, descesse um temporal tão rápido e que passasse com a mesma rapidez?
Toda essa visão concreta da natureza transportada para o mundo interior faz muito sentido.
Pois as sombras muitas vezes são o maior perigo para as pessoas, temos sombras que nem conhecemos.
Elas se transformam em opostos, tal como o sol e as nuvens escuras. Num repente, sem aviso nossas sombras nos surpreendem.  Chegam carregadas e se abrem em grandes gotas de lágrimas, exatamente como a chuva em pleno sol.
Fica então claro, que tudo que o ser humano de fato não quer, e de que não gosta, provém de sua própria sombra, visto que ela é a soma de tudo que ele não deseja ter.
Após essa limpeza interior o sol volta a brilhar, o homem volta a sorrir e passa a conhecer seus medos, suas sombras.
Resta cantar aquela música: "Quando entrar Setembro........"
Com certeza, estaremos de bem com a vida, e nos conhecendo melhor, floresceremos como a primavera.

  

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A cor da Palavra

A cor da palavra

A vida me ensinou que palavra tem cor, pode ser por meu gosto pela pintura,
 pode ser pela observação.
    Exaustos em pleno mar, os tripulantes da arca de Noé, avistam o arco-iris,
lendo suas cores, recebem a mensagem de plena vida.
Muitas vezes dizemos ou ouvimos palavras cujas cores ferem,
 outras vezes ouvimos palavras extremamente musicais e saborosas.
Olhando no espelho, em plena maturidade, ele pode nos dizer não o que vê,
 mas o que pode ver; quem sabe uma severa contabilidade de saldos e lucros.
 Quanta capacidade de se renovar?
Com certeza, do que sobrou há muito bom-humor pra retomar o caminho das palavras.
Quando olho e sinto o que se passa na natureza, tenho palavras quentes,
 afinal em pleno inverno, o sol
chega cedo, como se fosse verão.
 Brilhante, numa extrema contradição; quente no frio.
Trazendo dias de lindas cores. Somando a tudo isso, ainda estamos no ar, de frente pra TV, querendo
especular vida em Marte, que cor terá?
Sentimos grande vontade de viver um colorido interior, que desfaz as sombras e especulações, dos noticiários do dia a dia.
Essas cores novas, mostram que como o sol, também nós nascemos todos os dias.
 Límpidos banhados pelas luzes do horizonte. 
Prontos pra colorir o nosso quadro da vida.
Prontos pra usar o pincel do sol e sorrir como um bebê,
 diante da alegria de viver.

MARLENE CAMPOS VIEIRA

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Meu Mundo Caiu

MEU MUNDO CAIU.

Eu morava num país tropical , abençoado por Deus ......... 
Até que há quase um ano ganhei novos vizinhos e tudo mudou. Na casa de frente pra minha, onde vivia uma linda família, hoje funciona uma escola. A proximidade é tanta que não sabemos se estamos lá ou cá.
Nas férias, vira colônia de férias, com uma bela farra de diversão.
Nos sábados à tarde o quintal,  onde vivia o cão antigamente, espaço aberto para o som, coberto de amianto, vira palco de ensaio evangélico.
Com microfone nas alturas os jovens tocam e cantam. Nenhum outro som pode ser ouvido no meu quarto, começando ao anoitecer  até às vinte horas.
No domingo celebram o culto  até às vinte uma horas. Quando termina o culto, eles saem congratulando-se, para entrar nos seus veículos, estacionados na minha porta, quando se faz silêncio já são vinte duas horas.
Fico de cá pensando: como estão felizes! Como se sentem abençoados!
Invadem a privacidade alheia, criam uma igreja clandestina, fazem uma total barulheira aberta ao vento, sem lenço sem documento.
Quem disse que não reclamei; falei com o dono máquina de proventos.
Nada mudou, agora me diga o que você faria?
Quero ver televisão, quero ligar pra família, quero meu sossego de volta, eu mereço;
Todos merecemos.

domingo, 17 de junho de 2012

TEXTO DA DALVA

Dalva nossa amiga, deixa uma nova lição de vida, veja:


.
Deixe o amor tocar você! Permita que Deus o aperfeiçoe!
 
Dia desses recebi uma mensagem do meu irmão mais velho que dizia o seguinte: “As pedras mais preciosas são polidas e levadas ao fogo  para poder chegar ao seu formato desejado. Assim somos nós nas mãos de Deus! Ele nos molda. Muitas vezes, de forma dolorida, mas o resultado é uma jóia preciosa. Por isso, a cada dificuldade que você passar, saiba que é Deus te aperfeiçoando”.
Essa mensagem tem muito a ver com o que tenho pensado ultimamente. Fico me perguntando que lições posso tirar dessa situação que estou vivendo, pois tenho a certeza de que já não posso ser a mesma, depois de viver as experiências que tenho vivido durante esses oito meses de tratamento de hemodiálise. Não acho que ninguém mereça ficar doente, nem que precise estar nessa situação para se tornar um ser humano melhor, mas creio que, quando passamos por situações muito difíceis, tendemos a ver a vida de outra forma.
Estar doente me fez perceber o quanto somos pequenos, o quanto precisamos dos outros. Entretanto, muitos de nós passam pela vida se julgando superiores. Há os que se acham melhores por ter mais dinheiro, por ter uma posição social elevada, por ser bonito, etc. Baseados em coisas tão supérfluas, humilhamos, maltratamos, negamos nosso carinho, nossa solidariedade ao próximo. Mas de que vale tudo isso? De que vale dinheiro, posição social e beleza quando se está doente, por exemplo?
Na sala de hemodiálise onde faço tratamento, há ricos, pobres, classe alta, média e baixa. Há os que seriam considerados bonitos e os que parecem fugir aos padrões de beleza ditados pela sociedade. Todavia, embora o dinheiro, a posição social, às vezes, façam com que alguns tenham alguns privilégios, na maior parte do tempo, somos todos iguais. Ninguém sente mais ou menos dor por ser rico, pobre, feio ou bonito. Temos todos que encarar as dificuldades que essa doença acarreta. Quando paramos para conversar, percebo que nossas angústias, medos, desejos, tristezas e alegrias  são os mesmos.
Há em tudo isso um grande ensinamento: Não desperdicemos nossas vidas nos preocupando com coisas tão banais, como riqueza, posição social, beleza e tantas outras coisas banais que têm motivado os homens. Nada disso importa! O que vale a pena mesmo são as pessoas. E cada ser humano, por mais pobre, feio, humilde que pareça é sempre uma criação belíssima de Deus.
Olhemos à nossa volta. Há tanta gente precisando de ajuda. Olhe à sua volta. Acaso não há ao seu lado alguém desejando que você o estenda a mão? Volte a sua atenção especialmente para os mais idosos. Já notou o quanto alguns deles estão tão mal cuidados? Olhe também, de forma especial, para as pessoas com problemas psicológicos. Percebe como elas são maltratadas, como as pessoas, em vez de ajudá-las, ficam caçoando, fazendo piadinhas?
Não se gasta nada dando amor. Quem mais ganha não é quem recebe é quem doa. Não nos enganemos acreditando que para ajudar é preciso dispor de uma grande quantia de dinheiro. Às vezes, as coisas de que uma pessoa mais precisa nem podem ser compradas. Em alguns casos, uma boa dose de respeito, carinho, solidariedade e amor fariam toda a diferença. E isso não custa nada!
Não sejamos para sempre pedras brutas. É preciso deixar que Deus nos aperfeiçoe. Eu precisei estar diante do sofrimento para me deixar aperfeiçoar. Mas não é necessário passar pela dor para saber que ela existe e para se preocupar com os que sofrem. Basta apenas olhar em volta e se deixar tocar.
 
Dalva Ribeiro

quarta-feira, 9 de maio de 2012

MÃE E FILHOS



Em 2002, recebi um livro-cartão do meu filho caçula dizendo:  "Mãe, a Sra. nunca estará só!
A cada ano que passa, aumenta o nosso sentimento de amor e amizade, ademais; estou convencido de que a Sra. é o meu anjo da guarda!."
Dez anos se passaram, hoje ele é um "Pai doce."

Paro pra pensar e olhar o passado, passado em que eu não sabia dizer "Eu te Amo."
Passado, em que minha mãe também não sabia dizer "Eu te Amo", porém, nossas ações, mostravam e mostraram nosso imenso amor.
Nesse embalo, fui uma supermãe criadora de casos. Fui briguenta, cobradora e  exigente, mas fui doadora.
Hoje, eles estão aí, cumprindo suas missões. 
Dentro das mentes, eternas recordações; de uma mãe junto da cama, fazendo orações pra dormir, de todos os domingos na igreja, das tardes de leituras na cama, dos piqueniques  no campo, das macarronadas dos domingos, das tarefas em conjunto, e dos cadernos decorados, temos de incluir as chineladas no banheiro, é claro.

Com certeza, amor não rima apenas com dor, amor rima com calor, brincadeiras, gargalhadas e muita palhaçada.
Hoje, eles são cinco "Amorosos Palhaços", Rubem Alves, diz no seu Livro "Palavras que Desatam nós", que alegria e música são os alimentos da alma. Por isso hoje, homenageio minha mãe, ela era a alegria e a música da vida de todos nós, ensinou-nos a sorrir e a cantar. Agora, aprendi com meus netos a dizer  "Eu te Amo",  de onde ela estiver, que escute o meu 
grito:  "EU TE AMO MÃE"..............Hoje o seu presente é a Elis, a sua  mais nova bisneta.
Por todas as vezes que eu não disse, declaro, em alto e bom som:
        "MEUS  FILHOS , EU AMO VOCÊS"             

terça-feira, 24 de abril de 2012

Para quem acredita em heróis

Eis um novo texto escrito pela amiga Dalva.
Sua narrativa nos enriquece, pois traz sua vivência como
paciente de Hemodiálise do hospital Filadelfia.

Para quem ainda acredita em heróis
Houve um tempo, lá na minha infância, em que acreditei em heróis. Por muito tempo, confiei que os príncipes dos contos de fadas que ouvia eram seres capazes de mudar o mundo. Admirava-me a força, audácia e coragem de todos os heróis das histórias que li.
Depois, na adolescência, vieram os romances e fui com as heroínas de José de Alencar conhecer mancebos garbosos, de caráter imaculado e tamanha gentileza que foi impossível não me apaixonar perdidamente por eles. E o que dizer, então, daqueles moços tão bonitos, leais e educados que figuravam nos romances da Sabrina? Toda semana eu me perdia de amores por um deles. Bastava abrir o livro, colocar meus olhos em tão belos rapazes, e pronto; Lá estava eu caidinha de novo!
Todavia, com o tempo, percebi que aqueles heróis só existiam mesmo era no mundo da imaginação. Na vida real, as coisas são diferentes. As mocinhas não são tão belas assim, tampouco são tão garbosos e gentis os rapazes. Difícil acreditar em heróis em um mundo onde, cada vez mais, os maus sentimentos são cultivados, ao passo que o amor, a solidariedade e a tolerância vão sendo deixados de lado. Constatar tudo isso, me fez andar um tempo descrente em heróis.
Porém, dia desses, o inesperado aconteceu. Conheci um herói. E não foi ao abrir um livro. Não! Esse que conheci existe de verdade. Sei que estão duvidando. Mas acreditem: heróis existem! À primeira vista não se desconfia que ele seja um guerreiro. Tão diferente dos heróis da minha infância, que reinavam em terras distantes, o reino desse herói que encontrei é a sala de hemodiálise do hospital Filadélfia em Teófilo Otoni.  Sua batalha? Ah, sua batalha é a luta diária de alguém que sofre de insuficiência renal.
Há quem deva estar imaginando esse homem, capaz de ser herói em tempos tão difíceis e em situação tão pouco propícia para se aventurar em batalhas. Provavelmente, estão fantasiando alguém ainda forte, com sentidos perfeitos para enfrentar seus inimigos, no caso da hemodiálise: agulhas, dores, filas de espera, longas viagens. Erraram na imagem que fizeram dele. Mas isso se desculpa. Aprendemos, desde a nossa infância, que os heróis são belos, perfeitos. Fomos enganados. Heróis de verdade trazem no corpo as marcas de suas batalhas, mas isso não os faz menos admiráveis. Assim é o cavalheiro que conheci.
Todos os dias, ele chega para o tratamento de hemodiálise. Desce do carro, dá o braço a sua bela dama – moça tão distinta! -  e anda até sua cadeira. Até aí nada de surpreendente, não fosse o fato de ele ter as duas pernas amputadas, sobrando-lhe apenas dois toquinhos com os quais se locomove. Tudo isso já faz dele um homem admirável, mas ele também perdeu a visão. Provavelmente, em alguma batalha.
O que mais me encanta nesse homem é que nunca o vi de cara amarrada, tampouco já o ouvi reclamar. Enquanto enfrenta as quatro horas de diálise, ele canta e, se alguém puxar papo com ele, conversa, ri e conta piadas.
Creio que é preciso prestarmos atenção na lição que ele nos dá. Estamos sempre insatisfeitos com a vida. Acreditamos, piamente, que nossos problemas, nosso sofrimento são os maiores do universo. Não pretendo menosprezar o sofrimento de ninguém, não quero ensinar coisas que também ainda necessito aprender. Mas é que a vida me mostrou algo que eu precisava enxergar e quero dividir isso com vocês.
Também eu já reclamei da vida, quando tinha tudo para ser feliz. Também eu ainda reclamo da vida, quando tenho braços, pernas, olfato, visão, audição e paladar perfeitos. Contudo, aprendi com esse herói que por piores que sejam nossos problemas, sempre haverá motivos para sorrir e ser feliz. Reclamar da vida não resolverá nossos problemas, pelo contrário, só nos fará mais infelizes e deixará mais tristes as pessoas que nos amam.
Não façamos a nossa vida mais difícil. Somos sempre muito mais fortes e capazes do que imaginamos. É preciso apenas que não nos acovardemos. Acredito que também posso ser uma heroína, pois essa minha luta no tratamento contra a hemodiálise só eu poderei vencê-la. Existirão os que vão diminuir minhas batalhas, mas só eu sei como lutei e quantos exércitos tive que vencer. Tenho certeza de que, como eu, há tantas outras pessoas, enfrentando os mesmos monstros, vencendo os mesmos obstáculos. Desejo que sejam fortes e oxalá todos nós, todos os homens do mundo sejam um pouquinho só valentes, um pouquinho só persistentes como esse herói que conheci e que lhes apresentei para que saibamos que verdadeiros guerreiros não são feitos de corpos perfeitos e rostinhos bonitos, mas de coragem para lutar, mesmo quando as situações são adversas.




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Eis um novo texto escrito pela amiga Dalva.
Sua narrativa nos enriquece, pois traz sua vivência como
paciênte de Hemodiálise do hospital Filadelfia.

Para quem ainda acredita em heróis
Houve um tempo, lá na minha infância, em que acreditei em heróis. Por muito tempo, confiei que os príncipes dos contos de fadas que ouvia eram seres capazes de mudar o mundo. Admirava-me a força, audácia e coragem de todos os heróis das histórias que li.
Depois, na adolescência, vieram os romances e fui com as heroínas de José de Alencar conhecer mancebos garbosos, de caráter imaculado e tamanha gentileza que foi impossível não me apaixonar perdidamente por eles. E o que dizer, então, daqueles moços tão bonitos, leais e educados que figuravam nos romances da Sabrina? Toda semana eu me perdia de amores por um deles. Bastava abrir o livro, por meus olhos em tão belos rapazes, e pronto; Lá estava eu caidinha de novo!
Todavia, com o tempo, percebi que aqueles heróis só existiam mesmo era no mundo da imaginação. Na vida real, as coisas são diferentes. As mocinhas não são tão belas assim, tampouco são tão garbosos e gentis os rapazes. Difícil acreditar em heróis em um mundo onde, cada vez mais, os maus sentimentos são cultivados, ao passo que o amor, a solidariedade e a tolerância vão sendo deixados de lado. Constar tudo isso, me fez andar um tempo descrente em heróis.
Porém, dia desses, o inesperado aconteceu. Conheci um herói. E não foi ao abrir um livro. Não! Esse que conheci existe de verdade. Sei que estão duvidando. Mas acreditem: heróis existem! À primeira vista não se desconfia que ele seja um guerreiro. Tão diferente dos heróis da minha infância, que reinavam em terras distantes, o reino desse herói que encontrei é a sala de hemodiálise do hospital Filadélfia em Teófilo Otoni.  Sua batalha? Ah, sua batalha é a luta diária de alguém que sofre de insuficiência renal.
Há quem deva estar imaginando esse homem, capaz de ser herói em tempos tão difíceis e em situação tão pouco propícia para se aventurar em batalhas. Provavelmente, estão fantasiando alguém ainda forte, com sentidos perfeitos para enfrentar seus inimigos, no caso da hemodiálise: agulhas, dores, filas de espera, longas viagens. Erraram na imagem que fizeram dele. Mas isso se desculpa. Aprendemos, desde a nossa infância, que os heróis são belos, perfeitos. Fomos enganados. Heróis de verdade trazem no corpo as marcas de suas batalhas, mas isso não os faz menos admiráveis. Assim é o cavalheiro que conheci.
Todos os dias, ele chega para o tratamento de hemodiálise. Desce do carro, dá o braço a sua bela dama – moça tão distinta! -  e anda até sua cadeira. Até aí nada de surpreendente, não fosse o fato de ele ter as duas pernas amputadas, sobrando-lhe apenas dois toquinhos com os quais se locomove. Tudo isso já faz dele um homem admirável, mas ele também perdeu a visão. Provavelmente, em alguma batalha.
O que mais me encanta nesse homem é que nunca o vi de cara amarrada, tampouco já o ouvi reclamar. Enquanto enfrenta as quatro horas de diálise, ele canta e, se alguém puxar papo com ele, conversa, ri e conta piadas.
Creio que é preciso prestarmos atenção na lição que ele nos dá. Estamos sempre insatisfeitos com a vida. Acreditamos, piamente, que nossos problemas, nosso sofrimento são os maiores do universo. Não pretendo menosprezar o sofrimento de ninguém, não quero ensinar coisas que também ainda necessito aprender. Mas é que a vida me mostrou algo que eu precisava enxergar e quero dividir isso com vocês.
Também eu já reclamei da vida, quando tinha tudo para ser feliz. Também eu ainda reclamo da vida, quando tenho braços, pernas, olfato, visão, audição e paladar perfeitos. Contudo, aprendi com esse herói que por piores que sejam nossos problemas, sempre haverá motivos para sorrir e ser feliz. Reclamar da vida não resolverá nossos problemas, pelo contrário, só nos fará mais infelizes e deixará mais tristes as pessoas que nos amam.
Não façamos a nossa vida mais difícil. Somos sempre muito mais fortes e capazes do que imaginamos. É preciso apenas que não nos acovardemos. Acredito que também posso ser uma heroína, pois essa minha luta no tratamento contra a hemodiálise só eu poderei vencê-la. Existirão os que vão diminuir minhas batalhas, mas só eu sei como lutei e quantos exércitos tive que vencer. Tenho certeza de que, como eu, há tantas outras pessoas, enfrentando os mesmos monstros, vencendo os mesmos obstáculos. Desejo que sejam fortes e oxalá todos nós, todos os homens do mundo sejam um pouquinho só valentes, um pouquinho só persistentes como esse herói que conheci e que lhes apresentei para que saibamos que verdadeiros guerreiros não são feitos de corpos perfeitos e rostinhos bonitos, mas de coragem para lutar, mesmo quando as situações são adversas.




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Eis um novo texto escrito pela amiga Dalva.
Sua narrativa nos enriquece, pois traz sua vivência como
paciênte de Hemodiálise do hospital Filadelfia.

Para quem ainda acredita em heróis
Houve um tempo, lá na minha infância, em que acreditei em heróis. Por muito tempo, confiei que os príncipes dos contos de fadas que ouvia eram seres capazes de mudar o mundo. Admirava-me a força, audácia e coragem de todos os heróis das histórias que li.
Depois, na adolescência, vieram os romances e fui com as heroínas de José de Alencar conhecer mancebos garbosos, de caráter imaculado e tamanha gentileza que foi impossível não me apaixonar perdidamente por eles. E o que dizer, então, daqueles moços tão bonitos, leais e educados que figuravam nos romances da Sabrina? Toda semana eu me perdia de amores por um deles. Bastava abrir o livro, por meus olhos em tão belos rapazes, e pronto; Lá estava eu caidinha de novo!
Todavia, com o tempo, percebi que aqueles heróis só existiam mesmo era no mundo da imaginação. Na vida real, as coisas são diferentes. As mocinhas não são tão belas assim, tampouco são tão garbosos e gentis os rapazes. Difícil acreditar em heróis em um mundo onde, cada vez mais, os maus sentimentos são cultivados, ao passo que o amor, a solidariedade e a tolerância vão sendo deixados de lado. Constar tudo isso, me fez andar um tempo descrente em heróis.
Porém, dia desses, o inesperado aconteceu. Conheci um herói. E não foi ao abrir um livro. Não! Esse que conheci existe de verdade. Sei que estão duvidando. Mas acreditem: heróis existem! À primeira vista não se desconfia que ele seja um guerreiro. Tão diferente dos heróis da minha infância, que reinavam em terras distantes, o reino desse herói que encontrei é a sala de hemodiálise do hospital Filadélfia em Teófilo Otoni.  Sua batalha? Ah, sua batalha é a luta diária de alguém que sofre de insuficiência renal.
Há quem deva estar imaginando esse homem, capaz de ser herói em tempos tão difíceis e em situação tão pouco propícia para se aventurar em batalhas. Provavelmente, estão fantasiando alguém ainda forte, com sentidos perfeitos para enfrentar seus inimigos, no caso da hemodiálise: agulhas, dores, filas de espera, longas viagens. Erraram na imagem que fizeram dele. Mas isso se desculpa. Aprendemos, desde a nossa infância, que os heróis são belos, perfeitos. Fomos enganados. Heróis de verdade trazem no corpo as marcas de suas batalhas, mas isso não os faz menos admiráveis. Assim é o cavalheiro que conheci.
Todos os dias, ele chega para o tratamento de hemodiálise. Desce do carro, dá o braço a sua bela dama – moça tão distinta! -  e anda até sua cadeira. Até aí nada de surpreendente, não fosse o fato de ele ter as duas pernas amputadas, sobrando-lhe apenas dois toquinhos com os quais se locomove. Tudo isso já faz dele um homem admirável, mas ele também perdeu a visão. Provavelmente, em alguma batalha.
O que mais me encanta nesse homem é que nunca o vi de cara amarrada, tampouco já o ouvi reclamar. Enquanto enfrenta as quatro horas de diálise, ele canta e, se alguém puxar papo com ele, conversa, ri e conta piadas.
Creio que é preciso prestarmos atenção na lição que ele nos dá. Estamos sempre insatisfeitos com a vida. Acreditamos, piamente, que nossos problemas, nosso sofrimento são os maiores do universo. Não pretendo menosprezar o sofrimento de ninguém, não quero ensinar coisas que também ainda necessito aprender. Mas é que a vida me mostrou algo que eu precisava enxergar e quero dividir isso com vocês.
Também eu já reclamei da vida, quando tinha tudo para ser feliz. Também eu ainda reclamo da vida, quando tenho braços, pernas, olfato, visão, audição e paladar perfeitos. Contudo, aprendi com esse herói que por piores que sejam nossos problemas, sempre haverá motivos para sorrir e ser feliz. Reclamar da vida não resolverá nossos problemas, pelo contrário, só nos fará mais infelizes e deixará mais tristes as pessoas que nos amam.
Não façamos a nossa vida mais difícil. Somos sempre muito mais fortes e capazes do que imaginamos. É preciso apenas que não nos acovardemos. Acredito que também posso ser uma heroína, pois essa minha luta no tratamento contra a hemodiálise só eu poderei vencê-la. Existirão os que vão diminuir minhas batalhas, mas só eu sei como lutei e quantos exércitos tive que vencer. Tenho certeza de que, como eu, há tantas outras pessoas, enfrentando os mesmos monstros, vencendo os mesmos obstáculos. Desejo que sejam fortes e oxalá todos nós, todos os homens do mundo sejam um pouquinho só valentes, um pouquinho só persistentes como esse herói que conheci e que lhes apresentei para que saibamos que verdadeiros guerreiros não são feitos de corpos perfeitos e rostinhos bonitos, mas de coragem para lutar, mesmo quando as situações são adversas.




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Sua narrativa nos enriquece, pois traz sua vivência como
paciênte de Hemodiálise do hospital Filadelfia.

Para quem ainda acredita em heróis
Houve um tempo, lá na minha infância, em que acreditei em heróis. Por muito tempo, confiei que os príncipes dos contos de fadas que ouvia eram seres capazes de mudar o mundo. Admirava-me a força, audácia e coragem de todos os heróis das histórias que li.
Depois, na adolescência, vieram os romances e fui com as heroínas de José de Alencar conhecer mancebos garbosos, de caráter imaculado e tamanha gentileza que foi impossível não me apaixonar perdidamente por eles. E o que dizer, então, daqueles moços tão bonitos, leais e educados que figuravam nos romances da Sabrina? Toda semana eu me perdia de amores por um deles. Bastava abrir o livro, por meus olhos em tão belos rapazes, e pronto; Lá estava eu caidinha de novo!
Todavia, com o tempo, percebi que aqueles heróis só existiam mesmo era no mundo da imaginação. Na vida real, as coisas são diferentes. As mocinhas não são tão belas assim, tampouco são tão garbosos e gentis os rapazes. Difícil acreditar em heróis em um mundo onde, cada vez mais, os maus sentimentos são cultivados, ao passo que o amor, a solidariedade e a tolerância vão sendo deixados de lado. Constar tudo isso, me fez andar um tempo descrente em heróis.
Porém, dia desses, o inesperado aconteceu. Conheci um herói. E não foi ao abrir um livro. Não! Esse que conheci existe de verdade. Sei que estão duvidando. Mas acreditem: heróis existem! À primeira vista não se desconfia que ele seja um guerreiro. Tão diferente dos heróis da minha infância, que reinavam em terras distantes, o reino desse herói que encontrei é a sala de hemodiálise do hospital Filadélfia em Teófilo Otoni.  Sua batalha? Ah, sua batalha é a luta diária de alguém que sofre de insuficiência renal.
Há quem deva estar imaginando esse homem, capaz de ser herói em tempos tão difíceis e em situação tão pouco propícia para se aventurar em batalhas. Provavelmente, estão fantasiando alguém ainda forte, com sentidos perfeitos para enfrentar seus inimigos, no caso da hemodiálise: agulhas, dores, filas de espera, longas viagens. Erraram na imagem que fizeram dele. Mas isso se desculpa. Aprendemos, desde a nossa infância, que os heróis são belos, perfeitos. Fomos enganados. Heróis de verdade trazem no corpo as marcas de suas batalhas, mas isso não os faz menos admiráveis. Assim é o cavalheiro que conheci.
Todos os dias, ele chega para o tratamento de hemodiálise. Desce do carro, dá o braço a sua bela dama – moça tão distinta! -  e anda até sua cadeira. Até aí nada de surpreendente, não fosse o fato de ele ter as duas pernas amputadas, sobrando-lhe apenas dois toquinhos com os quais se locomove. Tudo isso já faz dele um homem admirável, mas ele também perdeu a visão. Provavelmente, em alguma batalha.
O que mais me encanta nesse homem é que nunca o vi de cara amarrada, tampouco já o ouvi reclamar. Enquanto enfrenta as quatro horas de diálise, ele canta e, se alguém puxar papo com ele, conversa, ri e conta piadas.
Creio que é preciso prestarmos atenção na lição que ele nos dá. Estamos sempre insatisfeitos com a vida. Acreditamos, piamente, que nossos problemas, nosso sofrimento são os maiores do universo. Não pretendo menosprezar o sofrimento de ninguém, não quero ensinar coisas que também ainda necessito aprender. Mas é que a vida me mostrou algo que eu precisava enxergar e quero dividir isso com vocês.
Também eu já reclamei da vida, quando tinha tudo para ser feliz. Também eu ainda reclamo da vida, quando tenho braços, pernas, olfato, visão, audição e paladar perfeitos. Contudo, aprendi com esse herói que por piores que sejam nossos problemas, sempre haverá motivos para sorrir e ser feliz. Reclamar da vida não resolverá nossos problemas, pelo contrário, só nos fará mais infelizes e deixará mais tristes as pessoas que nos amam.
Não façamos a nossa vida mais difícil. Somos sempre muito mais fortes e capazes do que imaginamos. É preciso apenas que não nos acovardemos. Acredito que também posso ser uma heroína, pois essa minha luta no tratamento contra a hemodiálise só eu poderei vencê-la. Existirão os que vão diminuir minhas batalhas, mas só eu sei como lutei e quantos exércitos tive que vencer. Tenho certeza de que, como eu, há tantas outras pessoas, enfrentando os mesmos monstros, vencendo os mesmos obstáculos. Desejo que sejam fortes e oxalá todos nós, todos os homens do mundo sejam um pouquinho só valentes, um pouquinho só persistentes como esse herói que conheci e que lhes apresentei para que saibamos que verdadeiros guerreiros não são feitos de corpos perfeitos e rostinhos bonitos, mas de coragem para lutar, mesmo quando as situações são adversas.




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