BLOG DA MARLENE

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domingo, 13 de dezembro de 2015

TEMPO DE ESPERANÇA

Dezembro: e tudo começa outra vez nas ruas, nas casas, nas igrejas... sinais de um Natal que se aproxima. As lojas se enfeitam, as árvores de Natal brilham exuberantemente.
Vivendo o hoje, percebemos que a aspereza da vida nem sempre deixa espaço para a poesia, o belo e a solidariedade. Com tantas notícias cruéis, as vezes caímos no pessimismo ou duvidamos da felicidade.
Nesse tempo, vem Roberto Carlos nos dizendo musicalmente que "Além do horizonte deve ter, algum lugar bonito pra viver em paz". 
Num mundo globalizado como o nosso, vemos claramente a dor de todos  e sentimos essa dor no mais profundo do nosso ser. 
Sentados ali na praça Tiradentes em pleno domingo, vendo a alegria das crianças em  suas brincadeiras, bate o coração desejando dias melhores. Iniciamos um mês repleto de simbolismos, em pleno dia oito, dia da padroeira de Teófilo Otoni a Imaculada Conceição, tivemos na Praça Germânica a missa comemorativa. Grande emoção em ver os cristãos em súplica ali reunidos. Dom Aloísio Vitral Bispo da cidade, tocou o coração de todos  com suas sempre, palavras de esperanças. Lágrimas  saltavam  de nossos olhos quando todos se deram as mãos na oração do Pai Nosso.  O caminho se abriu para grandes reflexões. 
Olhando lá do alto a imensidão da cidade refletimos; somos também enviados a estender a mão em direção aos nossos irmãos, para que sintam o calor humano e divino que nos envolve.  Com certeza uma mesa aguarda o toque natalino de seus irmãos, alguém espera que o Menino Deus se manifeste nesse Natal. 
Somos mãos enviadas para servir, quem sabe possamos trocar os presentes dos amigos e parentes por calorosos  abraços, e levar aos nossos irmãos necessitados os presentes natalinos?
Pensar na Noite de Natal; mãos que tocam as portas, portas que se abrem e recebem um presente para a sua ceia... Somos enviados! não podemos esperar para esse "Além do Horizonte". Todos temos possibilidades de fazer desse horizonte, um lugar bonito pra viver em paz,  onde o amanhecer seja sempre lindo, com o verde enfeitado pelos bichos preguiça de nossa amada cidade.
Nossa cidade é de todos, recebe muitos cidadãos das redondezas, é uma cidade solidária e amiga. Seus braços estão sempre abertos ao abraço e é muito salutar essa global convivência.  Aqui há uma corrida em busca de sabedoria, o vai e vem de estudantes de todos os lugares proporciona um vasto enriquecimento pessoal.
             Cidade acolhedora cheia de verde plena de preciosidades.
Isaías descreveu a esperança do seu povo como " Uma grande luz". Em todos os tempos vemos essa mesma luz se irradiando no Natal. Este é o tempo de reflexão, é como se o Menino Deus nascesse novamente e nos desse um despertar para a realidade, um toque de sabedoria para agirmos com fraternidade.  Sabemos que é impossível ser feliz sozinho, que a felicidade por si só é contagiante. Queremos ser contaminados com o espírito natalino, deixar a dor e abraçar o amor, ver em cada rosto a imagem do irmão.  Desejamos tanto encontrar o segredo da Paz nesta terra, vivermos conscientes o momento presente;  a hora é agora!
Os versos de Cora Coralina falam por nós: 
"Creio numa força imanente que vai ligando a família humana luminosa de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana. 
Creio na superação dos erros e angústias do presente.
Creio nos milagres da ciência e na descoberta de uma profilaxia dos erros e violências do presente." 
Assim, olhando à nossa volta sabemos que somos mais um a viver esses tempos que trazem alegria, pois lembra que Deus quis estar tão perto que se fez um de nós em Jesus de Nazaré.
Vamos dar as mãos e simbolicamente envolver toda a nossa cidade, num abraço, num renascer que se faz presente dentro de cada um.
Vamos sonhar com a paz e transformá-la em realidade.
Vamos começar de novo, em tempo de esperança!
  
  
 Marlene Campos Vieira---------------Membro titular da Academia de Letras de Teófilo Otoni

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

OS NOVOS RUMOS DA LITERATURA

Li um dia que "Deus é a beleza que se ouve no silêncio". 
Com certeza! É algo que se aplica quando silenciosamente viajamos  através da literatura. O dia 11 de setembro foi marcado na educação de Padre Paraíso, como uma grande inovação nos rumos literários da cidade, e foi para a Escola da Vila São João, marcado pelo sucesso de culminância de um grande projeto literário: O "TROCA, TROCA".  No dia 24 de setembro, outro evento torna evidente o progresso literário em Padre Paraíso; foi o lançamento da Quarta Jornada Literária da Escola Estadual Dr. Cândido Ulhôa. Podemos dizer com certeza que o futuro já chegou, já estamos vivendo um novo tempo na educação. A literatura deu asas e todos já estão escalando novos rumos no universo. O espetáculo que se desenrolou tanto na "Vila" quanto na "Cândido" foi de excelência, deixando claro que  escolas e alunos, bem como a comunidade estão caminhando juntos, com os mesmos ideais.
Tudo foi marcante: a presença de autoridades da literatura, a presença da arte dramática e os cuidados das escolas em todos os detalhes.  Os educadores se entregaram de coração e o sucesso foi estrondoso.  A história ganhou um marco com o lançamento de obras literárias.  Na Escola Cândido Ulhôa tivemos um instante  de grande emoção com o lançamento do livro de autoria de Rosilene Alves Pereira Ferraz (vice diretora), "Leca Sapeca". Presentes estavam os familiares da autora, gente querida e tradicional que deram um  espetáculo simplesmente inesquecível. O pai da escritora, Agenor Sapateiro, homem cuja memória é inesquecível, dá nome com merecimento à uma Escola Municipal em Padre Paraíso. Os seus entes queridos mostraram que família é um laço construído com a força do amor, amor de um pai  e de uma mãe que educaram os filhos ao som de palavras divinas e musicais.  Tivemos então um sublime e inesquecível momento no qual os familiares tocaram e cantaram as músicas que embalaram  as tardes em família.  Grande honra foi também o lançamento do livro "O Reino Feliz" pela presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni,  a filósofa e escritora Sra. Elisa Farina. O advogado e escritor Marcos Miguel da Silva, pertencente a ALTO - Academia de Letras de Teófilo Otoni  também lançou o seu livro: "Eu e a Vida aos Olhos da Luz".   Para elevar o nível  de grandeza, tivemos o lançamento de um livro escrito por Dandara Cejo: "A Estrelinha Andante".  Isso sem falar no esforço de todos os funcionários, a entrega total das diretoras, as fadas da cozinha e seus saborosos quitutes. Tudo muito bom!  A tarde foi  dedicada aos autógrafos, sejam em livros ou cadernos as crianças buscavam os autores e faziam filas, os pais e visitantes também. Foi um lindo dia, uma grande tarde, eu me sentia completa comungando com os meus queridos amigos,  gente amada, gente amiga, minha gente.  Ali iluminados pela luz das crianças, preciso repetir Adélia Prado quando disse: "Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande".   
Foi um dia de vitória e criatividade, presentes naquele "Reino Feliz" de amizade e literatura. Posso garantir que Padre Paraíso é a  cidade das Preciosidades Educacionais.  

Marlene Campos Vieira
Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni

terça-feira, 18 de agosto de 2015

NÃO HÁ LUGARES, HÁ PESSOAS!

Não há lugares, há pessoas. Conforto é o maior amor que se pode ter ao nosso lado. Qualidade de vida é a vida ter qualidade ao lado de quem se ama. É pegar na mão, com carinho, ensinando a dar os primeiros passos. Ghandi não tinha conforto de príncipe, como Saddam Hussain teve, no entanto, viveu magnificamente bem, as vezes a pão e água, debaixo de um calor escaldante. Todos os maiores expoentes da humanidade, com raras exceções, não tiveram vida fácil. Não há lugares, há pessoas. As vezes as pessoas batem a cabeça no teto, mas mesmo assim se acomodam com o bem-estar e a zona de conforto.  Salvador Dali era um gênio, mas um gênio com problemas neurológicos que não afetavam sua genialidade. Tinha medo de vir ao Brasil pois pensava que ao sair do avião poderia ser atacado por feras selvagens, índios com flechas, cobras enormes e jacarés famintos. Não há lugares, há pessoas, pessoas que tem o universo dentro de si. Pessoas que são líderes, que desbravam a si mesmo e que com coragem, se embrenham no fundo do próprio coração e não se contentam com o bem-estar de apenas um lugar que ofereça conforto. Pessoas que não cabem em si, como Fernando Pessoa, que teve dentro dele todas as pessoas que quis. O que dizer dos gênios de antes que viviam com parcos recursos, que morriam de doenças que hoje são facilmente curadas, cujas obras são expostas hoje nas salas requintadas das mansões de pessoas que sabem ostentar, mas não sabem dar a mão. Não há lugares, há pessoas. Gentileza, um poeta que quis ser mendigo, andava pelas ruas do Rio de Janeiro com placas poéticas, com letras maravilhosas, sobrevivendo da caridade alheia. Uma delas GENTILEZA GERA GENTILEZA. Não busco conforto, busco pessoas de qualidade, de coração, que saibam ser amigos, que causam saudade com sua ausência. Não busco poder nem vaidade, e sim uma Paz que somente posso ter quando alguém que amo não estiver sofrendo, com falta de algo que tenho em sobra e posso dividir. Não busco lugares, busco pessoas. Pessoas que saibam o valor de si mesmas e que saibam o valor das outras pessoas, e que não guardem no coração a ferida aberta da maldade. Não, não busco lugares em que eu possa ver o mar estalando meus ossos que um dia servirão de adubo para essa terra sagrada do mesmo jeito do vizinho que faz o mal. Não busco lugares, busco pessoas que não se exaltem com o poder que lhes foi entregue para melhorar o mundo. Pessoas são maiores que os lugares. Pessoas fazem os lugares. Pessoas sabem amar e os lugares todos ruirão com o tempo. Busco a convivência fraterna com as pessoas sem me omitir, sem me calar e sabendo que tenho muito para aprender.


Olinto Campos Vieira

terça-feira, 21 de julho de 2015

EU TE AMO PADRE PARAISO

Padre Paraíso, uma cidade mineira cercada de montanhas, portal  do Vale Jequitinhonha.
Sobrevoando a cidade, descobrimos que ela se encontra no fundo de um vale, cercada de montanhas por todos os lados. Seu primeiro nome foi Águas Vermelhas, retratando as águas dos garimpos. Uma cidade como descreve com clareza o seu hino: "Lindas jazidas enfeitadas de cristais, o teu chão é tão rico de minérios, e teus verdes campos que Deus abençoou".
Sou filha adotiva de Padre Paraíso, lá cheguei com pouco mais de vinte anos e foi amor à primeira vista. Lá vivi e constitui família, o que muito me orgulha. Seu povo é o meu povo, com costumes e diferenciais que encantam. Ser criada através do garimpo em nada desabona nossa Padre Paraíso, muito pelo contrário, mostra a grandeza das bençãos de Deus sobre ela. Muitos foram presenteados pela riqueza deste solo, foi o que aconteceu a um tratorista que ao executar o seu trabalho, abrindo estradas, simplesmente chocou-se com uma grande e valiosa Água Marinha. Assim se passou com vários habitantes, encontrando suas riquezas quase à flor da terra.  
Uma pequena cidade com tudo grande... com certeza suas qualidades vem da grandeza de um povo que sabe valorizá-la.  Cortada pela BR, exibe no fim de semana a maior feira agrícola do Vale, lá se encontra tudo que se procura. Percebe-se um vai e vem de pessoas inacabável, o povo e seus costumes, seu vocabulário único, onde as palavras se tornam coerentes. Anunciando em alta voz o feirante transforma o tomate em Tomato, a manga em Mango, como destaque. A amizade e delicadeza de um povo único, cativa a  todos os seus visitantes. Existe um calor humano diferente, com certeza é o contágio fascinante do solo precioso que inunda o ambiente.  
No meio e no alto da cidade se encontra a Igreja Matriz,  hoje bela e grande. Quando lá cheguei nos anos sessenta, era uma pequena igreja de solo batido, onde recebia a visita mensal de um padre. 
Uma cidade com donos, é mesmo assim: Geralda de Zé do Bananal, Maria de Raimundo etc., assim é o modo de se tratar as grandes damas, que trazem brilho aos companheiros.   A fama das mulheres da cidade, se espalha pela região por sua grande autoestima, dizem que elas são lindas e elegantes. Todos os fins de semana elas fazem unhas e cabelos, ainda que seja para ficar em casa curtindo a família. Mais uma vez o hino da cidade se torna real quando diz: "Terra tão querida , onde existe amor de gente nobre, Tu és a oração destes filhos teus".  
Padre Paraíso  declaro em alta voz: EU TE AMO!... 

Marlene Campos Vieira
Escritora e educadora. Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 29.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

GOTAS DE ÓLEO

Num quarto modesto o doente grave pedia silêncio, mas a porta rangia nas dobradiças cada vez que alguém a abria ou fechava. O momento solicitava quietude, mas não era oportuno para a reparação adequada. Com a passagem do médico a porta rangia, nas idas e vindas do enfermeiro, no trânsito dos familiares e amigos, eis a porta a chiar estridente. Aquela circunstância, trazia ao enfermo e a todos que lhe prestavam assistência e carinho, verdadeira guerra de nervos. Contudo, depois de várias horas de incômodo, chegou um vizinho e colocou algumas gotas de óleo lubrificante na antiga engrenagem, e a porta silenciou tranquila e obediente. A lição é singela, mas muito expressiva. Em muitas ocasiões há tumulto dentro de nossos lares, no ambiente de trabalho, numa reunião qualquer. São as dobradiças das relações fazendo barulho inconveniente. São problemas complexos, conflitos, inquietações, abalos....Entretanto, na maioria dos casos nós podemos apresentar a cooperação definitiva para a extinção das discórdias. Basta que lembremos do recurso infalível de algumas gotas de compreensão, e a situação se muda. Algumas gotas de perdão acabam de imediato com o chiado das discussões mais calorosas. Gotas de paciência no momento oportuno podem evitar grandes dissabores. Poucas gotas de carinho, penetram as barreiras mais sólidas e produzem efeitos duradouros e salutares. Pequenas gotas de solidariedade e fraternidade podem conter uma guerra de muitos anos. Mães dedicadas, abrem as portas mais emperradas dos corações com algumas gotas de amor. Dessa forma, quando percebermos que as dobradiças das relações estão fazendo barulho inconveniente, basta lembrar dos óleos lubrificantes do amor, basta agir com sabedoria e bom senso. Ás vezes são necessárias apenas algumas gotas de silêncio, para conter o ruido desagradável de uma discussão infeliz. 
Bom lembrar o quanto somos capazes, para transformar esse mundo em o mundo melhor!

(Sabedoria em Parábolas) 

Marlene Campos Vieira


sexta-feira, 19 de junho de 2015

SEMEANDO A PAZ...

Olhando em frente a minha casa, vejo sementes que estouram das árvores e caem na rua, o incrível é que algumas vezes as encontrei dentro de casa, tal a força que as impelem.   Penso nas sementes da Paz, elas foram lançadas com a mesma força e fizeram um papel grandioso. 
Nomes como:
Nelson Mandela - Grande guerreiro negro, 
Martin Luther King - Pela Paz e Igualdade, 
Mahatma Gandhi - Usando o Pacifismo como arma; e muitos outros, que usando a inteligência e a humildade, deixaram como legado a Paz. 
Muito recentemente Malala Yousafsai, a paquistanesa vencedora do prêmio Nobel da Paz em 2014, com apenas 17 anos deu ao mundo a maior lição de luta pela Paz, desafiou os radicais islâmicos do talibã por querer estudar e foi gravemente ferida. 
Não basta olhar o infinito todos os dias e respirar a Paz, é preciso cultivá-la dentro de nós, superar nossas dores, desacelerar nossas angústias, vestir o nosso maior sorriso  e arrastar para dentro de nós tudo que é precioso e nos faça bem. Esta é a lição de Malala, é a vontade de viver, mesmo que já tenhamos morrido um pouco ou muito, aqui ou ali, pelo caminho. Quando nos despimos do nosso egoísmo, de nossas queixas e de nossas incertezas, vemos claramente o ideal comum que nos une.   Muito interessante o  que conta Marcelo Xavier em Andarilhos" O mundo cão se agitou com a notícia trazida pelo jornal do dia:  Encontrados três bebês em um cesto atrás da igreja, seus nomes- Ego, Dúvida e Queixa, são tão estranhos quanto seu jeito diferente de latir;
                                                ---Eu!  Eu!  Eu! ---late Ego.
                                                ---Ou! Ou! Ou! ---late a Dúvida.
                                                ---Ai!  Ai!  Ai!  ---late Queixa.
Ele então conta o drama de todos os moradores, que correram para ajudar os filhotes, mas ninguém queria levá-los para casa. Quem se arriscaria, vendo aqueles nomes esquisitos pendurados no pescoço deles, acompanhados ainda daquele latido estranho?     Trata-se de uma alegoria pertinente, pois aquele que se tranca no seu egoísmo deixa de plantar a semente da Paz, deixa de cumprir o seu real destino. 
Tudo tão simples no mundo: a cumplicidade da terra, algumas sementes, água e o milagre acontece!  Não se faz necessário buscar coisas fantásticas, é o cotidiano...Em breve chegará  a florada, as abelhas e o mundo  de todos os dias.   
Rubem Alves nos mostra em "O Amor que Acende a Lua" o quanto nos desconhecemos, quantas atitudes tomamos que nos surpreendem, elas podem ser positivas ou não, mas nossa essência é  divina. No mundo atual Malala nos deixou um exemplo extraordinário, que jamais será esquecido. 
Assim, passo a passo vamos descruzar os braços, plantar a semente, nos dar as mãos, e aí se estenderá a bandeira branca da Paz.

Marlene Campos Vieira

quinta-feira, 14 de maio de 2015

PREPARANDO PARA A VIDA

Uma senhora desejava fazer um tapete para a sua casa e foi às compras. Escolheu um tecido forte, rijo que aguentasse a dureza de sua tarefa. Lavou-o deixando durante vários dias de molho, e fez o seu tapete que resistiu por muitos anos aos embates da vida. Outra senhora fez o mesmo tapete porém não o preparou devidamente, e por gostar muito dele sempre o protegia, guardando-o nas ocasiões de tumulto. Um belo dia aconteceu o imprevisto, um vendaval de pessoas, um dia tumultuado, a casa cheia. No dia seguinte o tapete querido se encontrava aos pedaços, não conseguira resistir.
Na vida real tudo é muito parecido, por amar nossos filhos, muitas vezes fazemos mal a eles sem saber. Quando os sufocamos com excessivos cuidados, quando os agasalhamos demais, ou os protegemos dos ventos, quando nem perto dos refrigeradores eles podem chegar, e nem descalços podem andar...  Estarão correndo sérios riscos não desenvolvendo a defesa de seus organismos, simplesmente não estarão preparados para viver e passarão a infância sempre doentes.
O nosso amor precisa ser repensado, para que não preparemos uma geração de despreparados.
Em outras circunstâncias  da vida também existem as mesmas equivalências, se não negamos nada
aos nossos pequenos, se os tornamos intolerantes, se somos seus servos, teremos um futuro imprevisto, possivelmente teremos muito tempo para nos arrepender...
Adultos, eternas crianças, são aqueles despreparados para os desafios da vida. A dupla Bruno e Marrone, canta a história de um cara carente que dormiu na praça, com certeza dentro dele, ainda geme uma criança com uma história de insegurança. Preparar para o combate com muito amor é uma missão difícil. Temos exemplos magníficos de pessoas como Abraão Lincoln, criado nas agruras da vida; um grande homem.
Quantas crianças tiveram ao seu lado pessoas alegres, risonhas, agradáveis que lhes deixaram marcas eternas.  Revendo o ontem, lembro-me da letra musical de Padre Zezinho: "Faltava tudo mais a gente nem ligava, o importante não faltava, seu carinho seu amor".  Lembrando sempre daquelas sábias palavras: É preciso saber viver, pois, a vida é linda demais para ser  tão sofrida.   
Saindo por ai, sem lenço e sem documentos, nada no bolso e nas mãos, dentro de nós uma criança sorri.


Marlene Campos Vieira

domingo, 8 de março de 2015

MEMÓRIAS DE UM RIO

Olhando nossas fotos do passado, repassando nossas memórias, sempre encontraremos saudosas lembranças dos tempos idos.
Em meio a tantos sorrisos da meninada, nossas águas são o realce de pura alegria. Felizes em seus banhos, dando imensas braçadas nas águas puras do rio, lá estão eles e seus amigos.  A seguir, os pais se reúnem na pescaria, a mulherada, aproveita e lava roupa com fartura, estendem para quarar e secar. Quanta diversificação para o nosso rio; alegria, diversão, alimento, utilidade, em resumo: vida... Tudo poderia ser intitulado: "Um dia e o Rio". Era assim, a história de vida de muitos dos nossos homens de hoje; crianças daquele tempo. São recordações gravadas no mais profundo da alma. Assim canta Paulinho da viola: " Foi um rio que passou em minha vida, e meu coração se deixou levar". Os casos do Rio Todos os Santos, ficaram nas histórias, repassadas boca a boca. 
Ouvi de um amigo, o episódio acontecido na casa de seu bisavô, que residia numa zona rural, bem perto da cidade de Teófilo Otoni.  Impossibilitada de comparecer ao trabalho, sua faxineira pediu a uma parenta para substitui-la. O fazendeiro recebeu-a, orientou-a rapidamente e se retirou. Ao retornar depois de algum tempo, encontrou o café na mesa, perguntou então se ela encontrara todos os utensílios, ela respondeu: demorei apenas para encontrar o poço. Cismado, o fazendeiro pede pra ela lhe mostrar o poço por ela encontrado. Ela segue para o banheiro e lhe aponta o vaso sanitário. 
Só então ele entende, que ainda não fazia parte da vida de todos, as torneiras, os banheiros e demais avanços.  As pessoas consideravam o rio como referência, e tinham seus poços nos quintais. Tudo veio a seu tempo, e os casos ficaram na história.    
O nosso Rio Todos os Santos, atravessa a cidade de Teófilo Otoni, e é o principal manancial de nossa cidade, no sentido de abastecimento. Certamente com este pensamento visionário, seu nome foi dado por Teófilo Benedito Ottoni, que e ao desbravar as florestas existentes, deparou-se com a nascente de nosso tão importante rio, e deu-lhe o nome Todos os Santos, no dia primeiro de novembro.
São 70 km desde sua nascente, até sua foz no Rio Mucuri. Pesquisando sobre a palavra Mucuri, que tanto tem a ver com a nossa região; descobri que se trata, originalmente, de um fruto, mas por estar à beira de um Rio, que recebe as águas de todos os Santos, teve a primazia de ter seu nome dado ao rio, e o rio abraçou o fruto, porque o rio é muito mais forte.
Todo rio já nasce com uma direção, e este nome que tanto revela, já nasce verbo, um verbo com direção certa: o Mar. Seja em que lugar ele estiver, o nosso Rio Mucuri não é diferente, ou melhor, é diferente, é um rio misterioso, cheio de história, que banha Minas, Bahia e o Espírito Santo. Foi uma importante rota de comunicação de Minas Gerais, que sabemos não teve, certamente por divinas razões, o privilégio de ser banhado pelo mar. Mas talvez seja por isso, o Rio Mucuri rico e diverso em peixes e plantas, nativas na mata Atlântica. Quantas vezes, me vi admirando aquele rio que parece calmo, que tem suas águas desviadas, pelas rochas que incrustam seu leito e seu próprio caminho.  Pode ser que  isso tenha motivado Caetano Veloso, observador como é, já em seu primeiro disco, em 1967,  quando gravou, “ Onde eu nasci passa um Rio”. Logo ele, que nasceu na Bahia, estado banhado por um frondoso mar; “Onde eu nasci passa um rio, que passa no igual sem fim,  igual, sem fim, minha terra, passava dentro de mim! Passava como se o tempo nada pudesse mudar, passava como se o rio não desaguasse no mar. O rio deságua no mar, já tanta coisa aprendi, mas o que é mais meu cantar, é isso que eu canto aqui. Hoje eu sei que o mundo é grande e o mar de ondas se faz, mas nasceu junto com o rio, o canto que eu canto mais. O rio só chega no mar depois de andar pelo chão, o rio da minha terra deságua em meu coração”

Todos os Santos, um rio de nome poderoso, aquele que nos abraçou, nos acolheu e escolheu, queremos que o seu futuro seja límpido como o seu passado. 

Marlene Campos Vieira 
Escritora e educadora. Membro titular da Academia de Letras de Teófilo Otoni, cadeira 29

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A CORRENTE DO BEM

O Rei Davi escreveu  essa joia poética:  "Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Sem linguagem, sem fala, ouvem-se suas vozes".
No meu dia a dia, descobri que nós também fazemos, silenciosamente, declarações de cortesia aos nossos amigos. Por ocasião das festas de ano novo, recebi muitos presentes. Certo dia, uma vizinha me chamou para entregar um pratinho contendo pedaços de bolo confeitado. Gostei do gesto e resolvi dar parte deles para outra vizinha. No dia seguinte recebi dessa, um pratinho cheio de pastéis, que chegou justamente na hora do lanche. Era o milagre da multiplicação. Li certa vez uma história  marcante, falando a respeito de como um gesto nosso, pode mudar o contexto da vida do nosso semelhante; falava de uma professora que tinha uma aluna adolescente. Observando aquela menina descuidada, ela resolveu ajudá-la, sem palavras.  Ao passar diante de uma vitrine, um vestido chamou-lhe a atenção, ela o comprou pensando naquela aluna. No dia seguinte a professora chamou sua aluna em particular e entregou-lhe o embrulho, pedindo que o usasse  para vir às aulas durante um tempo.
A menina chegou em casa ansiosa para ver o seu presente, sua casa também era o seu estilo, descuidada, desarranjada e suja.  Ao ver o belo   embrulho, sua mãe entusiasmada ajuda-a  e se encanta com o conteúdo, um lindo vestido. Para experimentá-lo era preciso um banho demorado, e quanto mais a menina se lavava, mais precisava se lavar. Assim como nunca havia feito, lá estava a menina de unhas, cabelos e corpo limpo.   Ao vê-la assim, tão linda com aquele vestido, sua mãe se encantou. Ela, fitou o espelho se redescobrindo, e seguiu então para a escola na manhã do dia seguinte.  
Em casa, sua mãe se sentiu motivada a cuidar da limpeza. A lembrança daquela menina-moça, tão linda, animou-a e a casa sofreu uma profunda transformação. Quando seu pai chegou para o almoço, encontrou uma casa cheirando a limpeza, resolveu então cooperar pintando as paredes.
Ao chegar da escola, a menina se surpreendeu com a nova casa, e contou da alegria de todos com a sua nova postura. No dia seguinte, a mudança ganhou fôlego; entusiasmada, sua mãe  plantou um jardim na frente da casa, e seu pai cooperou cercando-o.
A vizinha observou todo esse movimento, e também resolveu imitá-los. Em pouco tempo, todos os outros vizinhos seguiram o exemplo. Depois de alguns dias, a rua já não era mais a mesma, estendo-se ao bairro todo.  Passando por ali o agente comunitário do bairro, admirou-se  e procurou o setor da prefeitura, onde notificou  sua observação.  Foi assim que, em pouco tempo, o prefeito autorizou o calçamento daquela rua, e o que era terra, virou asfalto.  
A professora, jamais imaginou que seu pequeno presente, se transformaria numa contagiante corrente do bem. 
Quando somos tocados pela bondade, algo se irradia, e assim acontecem as grandes e inexplicáveis transformações, vindas de um pequeno gesto de cortesia ou fraternidade.

"O prazer de fazer o bem, é maior que o de recebê-lo"


Marlene Campos Vieira

domingo, 18 de janeiro de 2015

O PRINCÍPIO E O FIM

Conta-se, que no alto de uma montanha havia uma pequena árvore, que sonhava com o que seria depois de grande. Olhando as estrelas ela disse: Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros, para isso estou disposta até a ser cortada.
Depois de muitos anos, veio um lenhador e cortou aquela árvore. Ela estava ansiosa para ser transformada naquilo com que sonhara, mas lenhadores não costumam ouvir e nem entender sonhos, que pena! Sendo assim, a árvore acabou sendo transformada num cocho de animais, coberto de feno.  Ela se perguntou desiludida e triste: Por que isso, justo comigo?
Aconteceu que numa certa noite, cheia de luz e de estrelas, onde haviam mil melodias no ar, uma jovem mulher colocou seu filho recém-nascido naquele cocho de animais, e de repente, a árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo: " O Menino Deus".
Conta outra lenda, que uma criança ficava sentada num banquinho enquanto sua mãe bordava; Ela crescia, e o bordado também. O tempo passava, e todas as tardes os dois ali, no mesmo lugar. Um dia, a criança observa o bordado do ângulo que pode ver - do avesso,  e imagina  que horrível coisa será aquela, cheia de nós, repleto de traços de todas as cores, complexo, sem nexo.
Depois de muito tempo,  aquela mãe chama seu filho e lhe mostra o bordado pronto. A criança fica paralisada diante daquela bela imagem, cheia de cores e de  arte. 
Na vida real, temos histórias de vida com finais surpreendentes. Conheci um Sr. que foi abençoado com muitas riquezas. Dia após dia ele recebia da natureza grandes preciosidades. Em um dos seus aniversários, ganhou de um garimpeiro, uma valiosa pedra preciosa, incrível, mas ninguém jamais ouviu dele, um só agradecimento por tanta bem-aventurança. Coberto pela poeira das estrelas, ele escreveu o seu final, imaginando-se no trono do seu  império. Hoje, após perder todos os bens, perdeu também o maior deles: a sua saúde. 
Fica então uma sábia conclusão: a árvore teve sonhos, mas sua realização foi mil vezes melhor do que havia imaginado. Como a criança do bordado, nós vemos por partes os caminhos percorridos, e as vezes pelo avesso. Somos incapazes de ver o trajeto todo.
Pequenos ou grandes, corriqueiros ou não, os prodígios divinos se encontram bem ai,  ao alcance de todos. Debaixo do calor sufocante desse inédito verão, de repente entra pela janela um sopro de vento, tão profundo e imenso, que sempre imagino seja o sopro do criador.  
Que jamais percamos os caminhos, tendo em mãos uma grande arma: a sabedoria.
Importante, é viver todos os dias como se fosse o último, pois não se pode recuperar  um só segundo do que se passou. 

Marlene Campos Vieira

sábado, 10 de janeiro de 2015

NINGUÉM PODE PARAR MEU CORAÇÃO

Quando eu era pequena, morava à beira de um rio; ali gostava de ficar.   As pessoas iam ao rio para  lavar tudo o que queriam e pescar. Todos os dias eu me divertia, sentada numa pedra na beirada do rio, com uma bacia no colo, enchia a bacia de água com peixinhos; as horas passavam e  eu compenetrada esquecia-me do mundo.
Certo dia, enquanto observava os peixinhos, senti um grande peso no colo; descobri a causa quando dei de cara, com a cara de uma imensa cobra d'água, que se enrolara em volta da bacia para comer os peixes. A bacia se foi com peixes e a  cobra; corri como nunca...
Vejo hoje, que o amor pela natureza cresce; ninguém pode parar um coração que ama. Somos tão carimbados por esse amor, que conhecemos nossos iguais.
Tenho uma amiga que gosta de plantar, fica horas no seu quintal, plantando e conversando com os pássaros. Eles são tão amigos que pousam nos seus ombros, aceitam farelos e cantam. É lindo de se ver!..
Minha amiga fez amizade até com um jacaré, que mora na lagoa da pracinha; deu-lhe o nome de Jota, e todos os dias passa pra vê-lo.
Discursando para os formandos da Universidade de Stanford, Steve Jobs disse: "Não permitam que o ruido das outras vozes, supere o sussurro de sua voz interior. E, acima de tudo, tenham a coragem de seguir seu coração e suas intuições."
O sol muitas vezes aparece incandescente, de repente acontece o inesperado e desce uma chuva torrencial, até o sol se espanta.  A terra se silencia para ouvir o barulho do céu. Dentro de nós muitas vezes o sol se faz, e num inesperado ao ritmo das emoções, as lágrimas surgem como gotas de chuva.  São estouros das comportas do coração, desabafos; prantos contidos. Uma limpeza interior, que nos permitirá renovação. Nossa meta é ser aprendiz de girassol, buscando o lado luz da vida. Estar sempre de bem com a grande festa colorida, olhando o nosso jardim, superando os espinhos das rosas.
Ver além do visível, é arte divina. Toquinho diz nos versos da música Aquarela; "Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel, num minuto imagino uma linda gaivota a voar no céu." Imaginação, sensibilidade, sem isso seríamos seres inanimados. Ver além, nos faz divinos-humanos.
Batidas!... Pancadas!...Bate coração, ao ritmo de cada um. 
Seres humanos que se complementam. Seres humanos, com diferenciais que se harmonizam, na busca do respeito pelos ideais de todos.
     
Marlene Campos Vieira