Os animais sempre foram ‘mais’ em minha vida. Um deles foi meu primeiro amigo sincero; um gato, alegre, elegante, fiel. Já adulta, recém-casada lá pelos idos dos anos 60, curtindo solidão ‘a dois’ veio o carinho da cachorrinha da vizinha. Depois que conheci a ternura dos animais, nunca mais tive solidão; os cães passaram a preencher lacunas da minha vida e daí, começaram a participar da minha história. Foi assim com meus cinco filhos; conheceram cães que tiveram luz própria. O engraçado é que até a identidade desses cães era misteriosa, até o nome deles tinham que ser mudados conforme a personalidade. “ Sheik” virava “Lalau”, “Tarugo” se transformava em “Rex” e “Pitica” se tornava “Baby”.
Estes animais hoje vivem apenas na memória pois não tiramos fotografias deles. A natureza é mesmo prodigiosa. O mesmo animal que pode matar, também pode trazer a cura, como o soro antiofídico, que é feito a base do próprio veneno. Lembro-me que meu filho mais novo foi atacado por uma cobra venenosa quando tinha apenas um ano e meio de idade, em um passeio na fazenda. Este fato mudou radicalmente nossas vidas. Imobilizado para tomar o soro antiofídico, meu menino quase perdeu a referência de confiança nos pais.
Aqueles que deveriam defendê-lo estavam alí, indefesos e temerosos, assistindo seu sacrifício e torcendo por sua sobrevivência, sem poder atender o seu apelo de socorro, refletidos nos seus assustados olhos infantis. A conseqüência deste acontecimento na vida do meu filho foram algumas seqüelas em sua saúde que foram aplacadas somente pela companhia de um amigo pastor alemão, que foi levado até ele ainda em sua convalescência.
A amizade nasceu esfregando o focinho no rosto do menino. Nasceu daí a ligação que curou aquela criança, restabelecendo a sua confiança na vida. Depois o menino foi para o mundo estudar, se tornou médico, casou-se e com uma bela moça que também ama os animais. Juntos, formam uma bela família, que alterna choro de criança e latidos de cães. Quer coisa mais familiar que isso? Parafraseando os Titãs: “ Família, família, cachorro, gato, galinha....e coelho, papagaio.”
O carinho que eles sentem pelos animais estão passando hoje para a pequena Alice. Meus outros netos também curtem seus animais. Laila e Gabriel tem o cãozinho “Luar”, tem o incrível gato que engravidou ( isso já é outra história) e também o coelho Arthurzinho. E eu sou a vovó que os ensinou a amar e respeitar os animais. Não me esqueço o quanto devo a estas incríveis criaturas de Deus que salvam vidas e resgatam profundamente almas destroçadas. Sempre vou a janela do meu apartamento, no primeiro andar, e dela, jogo todos os ossinhos e petiscos para os cães da rua.
À noite, ouço o barulho dos meus amigos desconhecidos disputando as delícias. Ah se fosse possível reunir todos os cães no primeiro andar e fazer uma bela festa só para mostrar a gratidão que tenho no meu coração de mãe e avó. Animais salvam vidas.
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