BLOG DA MARLENE

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terça-feira, 1 de outubro de 2013

PEQUENO MUNDO

Depois de grandes, olhamos o passado e só aí podemos analisar quem fomos, o que era o nosso mundo, quais eram os nossos temores e valores. Foi assim comigo, tinha admiração  pelas obras pequenas da natureza, vigiava as minúsculas formiguinhas, admirava  a habilidade do criador.  Nem os dinossauros , nem as baleias, nem as flores gigantes me chamavam atenção. Nos jardins, parava perto dos "Pingos dágua" ; minúsculas flores, imaginando que deveria ser fácil fazer grandes coisas, mas infinitamente difícil fazer miniaturas. Sempre procurava onde ficavam os olhos das formiguinhas, que sabiam se infiltrar em todas as partes. Nossa imaginação perante o desconhecido é fértil enquanto crescemos, às vezes como Toquinho diz na música Aquarela: "Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel, num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu". Imaginação e realidade se misturavam, eu coloria meu mundo, gostava de cores, olhava os vários tons das mesmas cores para conhecer o infinito. A morte significava o vazio de cores, por isso aprendi a desenhar e dar vida aos desenhos. Pode ser que eu tenha aprontado  muito quando criança mas, passei apertos que jamais esqueci. Aprendi a respeitar a natureza,  jamais tirar a vida de nenhum animal, por isso me acontecia grandes imprevistos. Lembro de uma tarde em que sozinha na despensa,  ouvi um barulho dentro de um balde, olhei depressa; era um ratinho, queria gritar  e ao mesmo tempo, queria segurá-lo. Cobri o balde com meu vestidinho para gritar a mamãe, ele subiu pelas minhas pernas  e saiu pelas costas, eu gritava e rolava no chão, até o povo da casa me socorrer. Tomei um medão de ratos e sempre sentia suas unhas pelo meu corpo. Um dia, morando na beira de um rio, acompanhava minha mãe enquanto ela lavava roupas. Com uma bacia no colo cheia de minúsculos peixes, distraída brincava sentada numa pedra à beira dágua, senti um peso diferente no meu colo, foi quando me deparei com uma imensa cobra dágua que se enrolara na bacia para comer os peixes. Cara a cara com ela, soltei a bacia e saí gritando, até a cobra teve medo. Não importa a idade, a criança precisa achar seu espaço dentro de nós, pois delas não só é o reino dos céus mas, também o reino da terra, com elas aprendemos a leveza do ser, viver e deixar viver, amar sem medidas, esquecer e perdoar.
Está aí o dia das crianças, por mais idade que tenhamos haverá  um futuro colorido e se o colorirmos sempre, nunca descolorirá. Só com um simples compasso num círculo, a criança faz o mundo e gaivotas a voar no céu, que tal fazer real o mundo de papel?

Marlene Campos Vieira

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